É preciso mais do que sonambulismo indie para fazer um filme notável
É tudo tão emocionalmente manipulado em Manchester by the Sea que a simpatia inicial vai dando lugar a uma exasperação crescente, e depois a um encolher de ombros.
É preciso mais do que o sonambulismo indie para fazer um filme notável, e Manchester by the Sea, pesem as loas com que internacionalmente tem sido bafejado, é um caso em que a afectação e a pose – um vago existencialismo envergado como quem veste um sobretudo – aparecem como poluição e ruído. Uma espécie de falsa modéstia, a da simplicidade aparente, traída por uma grandiloquência que nem por ser em tom menor deixa de ser gritada ao ouvido do espectador (a conferir com os flash-backs que removem, afundando-o numa causalidade de A+B, todo o mistério da personagem de Casey Affleck).
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É preciso mais do que o sonambulismo indie para fazer um filme notável, e Manchester by the Sea, pesem as loas com que internacionalmente tem sido bafejado, é um caso em que a afectação e a pose – um vago existencialismo envergado como quem veste um sobretudo – aparecem como poluição e ruído. Uma espécie de falsa modéstia, a da simplicidade aparente, traída por uma grandiloquência que nem por ser em tom menor deixa de ser gritada ao ouvido do espectador (a conferir com os flash-backs que removem, afundando-o numa causalidade de A+B, todo o mistério da personagem de Casey Affleck).
Há coisas sólidas no filme, mostradas de maneira decente (os lugares, por exemplo, a invernia que não é só meteorológica) e alguns momentos conseguidos (quase sempre com os miúdos), mas é tudo tão emocionalmente manipulado (e “pré-programado”) que a simpatia inicial vai dando lugar a uma exasperação crescente, e depois a um encolher de ombros.
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Correcção: o autor desta crítica é Luís Miguel Oliveira e não Jorge Mourinha