António Costa visita Goa e homenageia o pai, Orlando da Costa

Na capital da antiga Índia Portuguesa, o primeiro-ministro convive com a comunidade portuguesa e homenageia o seu pai, um goês, brâmane e católico.

Foto
António Costa chegou ao final da tarde de terça-feira ao estado de Goa, na Índia, onde tem origens familiares Tiago Petinga/Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, participa nesta quarta-feira à tarde no lançamento na Índia da tradução inglesa de duas obras do seu pai, Orlando da Costa, escritor originário de Goa. Os livros em causa são Sem Flores nem Coroas, considerada principal obra de Orlando da Costa e que se passa em Goa, e O Signo da Ira, uma peça de teatro cuja acção decorre na noite da anexação de Goa pela União Indiana de Jawaharlal Nehru.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O primeiro-ministro, António Costa, participa nesta quarta-feira à tarde no lançamento na Índia da tradução inglesa de duas obras do seu pai, Orlando da Costa, escritor originário de Goa. Os livros em causa são Sem Flores nem Coroas, considerada principal obra de Orlando da Costa e que se passa em Goa, e O Signo da Ira, uma peça de teatro cuja acção decorre na noite da anexação de Goa pela União Indiana de Jawaharlal Nehru.

António Costa dedica os dois últimos dias da visita de Estado a Goa, que foi o centro administrativo do império português a Oriente e capital da antiga Índia Portuguesa, desde meados do século XVI, até 1961, data em que a União Indiana, liderada por Nehru, invadiu e anexou o que restava de territórios portugueses, Goa, Damão e Diu.

Os livros de Orlando da Costa serão lançados no final de uma cerimónia de homenagem da sociedade civil goesa que é feita ao primeiro-ministro português, em que participam o reitor da Universidade de Goa, Varun Sahni, e o primeiro-ministro do estado de Goa, Laxmikant Parsekar, no Palácio Adil Shah.

O escritor Orlando da Costa nasceu ocasionalmente em Lourenço Marques, mas foi criado em Goa até ao fim da adolescência, altura em que veio estudar para a Universidade em Lisboa, onde se formou em Histórico-Filosóficas. Foi em Lisboa que Orlando da Costa viveu à distância a anexão da Índia portuguesa, quando já era casado com a jornalista Maria Antónia Palla, mãe de António Costa.

Orlando da Costa é filho do goês Luís Rohin Jussilainen da Costa, casado com Amélia Maria Fréchaut Fernandes, nascida em Moçambique. O pai e o avô paterno de António Costa pertencem a uma família goesa, brâmane e católica de Margão, território que integrava a Índia portuguesa. O primeiro-ministro português deverá encontrar-se com descendentes do ramo da família que permaneceu em Goa.

Foi numa visita que os avós de António Costa fizeram à família de Amélia Maria que Orlando da Costa nasceu na então capital moçambicana, Lourenço Marques, em 1929. Contudo, a criança e jovem que viria a ser escritor foi criado na Índia Portuguesa, de onde saiu jovem para vir estudar em Portugal. Foi já em Portugal que Orlando da Costa, por sua vez, conheceu e casou com a mãe do actual primeiro-ministro, a jornalista Maria Antónia Palla.

Encontros de Estado

O primeiro dia de António Costa em Goa, que visitou bem como outros locais da Índia com o seu pai aos 18 anos, começa com encontros com as autoridades do estado goês. Logo de manhã, reúne-se com o primeiro-ministro, Laxmikant Parsekar, seguindo-se um encontro com a governadora de Goa, Mridula Sinha.

António Costa segue para o Instituto Oceanográfico Nacional, onde se reúne com o director, Prasanna Kumar. O ponto seguinte da agenda de António Costa para este dia é uma visita à Sé Catedral e à igreja do Bom Jesus, em Velha Goa, dois templos que vêm da época da colonização portuguesa. No Bom Jesus, encontra-se com o Arcebispo de Goa, D. Filipe Neri Ferrão. Depois dos templos católicos, António Costa visita o templo hindu Mangesh.

Na quinta-feira, o dia começa com uma visita à fábrica de fibra óptica do MP Birla Group, um empreendimento na área das telecomunicações e energia a que a Visabeira está associada.

O resto do dia volta a ser dedicado à cultura e à língua portuguesa. Primeiro visita a Fundação Oriente, que exibe uma exposição de António Xavier Trindade (1870-1935) e onde intervirá o ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, após o que será entregue, a título póstumo, a medalha de mérito cultural a Paulo Varela Gomes (1952-2016).

Já na última tarde da visita de Estado à Índia, António Costa inaugura o novo Centro de Língua Portuguesa, onde será a vez de condecorar o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Índia, Eduardo Faleiro. Visitando depois os painéis de azulejos baseados em passagens de Os Lusíadas no Instituto Menezes Braganza.

Nessa tarde, o primeiro-ministro faz a sua última intervenção na Índia, ao ser orador numa conferência no Salgaocar College of Law. A terminar António Costa encontra-se com empresários de Bollywood. A viagem conclui-se com uma recepção à comunidade portuguesa que reside em Goa.