Associação que apoia jovens com deficiência reclama 170 mil euros em fundos comunitários
Com utentes com idades entre os 16 e os 44 anos, a associação do Porto debate-se com problemas a médio prazo para criar residência própria para os jovens com deficiência que acompanha.
A Somos nós - Associação para Autonomia e Integração de Jovens Deficientes queixou-se esta segunda-feira da falta de pagamento de 170 mil euros de fundos comunitários que atrasam a segunda fase de projecto de apoio aos utentes.
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A Somos nós - Associação para Autonomia e Integração de Jovens Deficientes queixou-se esta segunda-feira da falta de pagamento de 170 mil euros de fundos comunitários que atrasam a segunda fase de projecto de apoio aos utentes.
Segundo a presidente da instituição Filomena Costa foi feito "um investimento de 600 mil euros para construir o Centro de Actividades Ocupacionais (CAO) num terreno com uma área de 700 metros quadrados cedido a título de direito de superfície pela Câmara do Porto".
"Desses 600 mil euros, conseguimos angariar metade em múltiplos eventos e com o apoio de empresas e de particulares mas estamos desde Setembro de 2015 à espera de 170 mil euros no âmbito de uma candidatura aprovada pelo ON2 - Programa Operacional Regional do Norte", acrescentou.
Tendo contratualizado com o banco "o pagamento da dívida em 10 anos", a associação vive, para já, uma situação complicada em termos de tesouraria que a inibe de avançar para uma outra valência, "a construção de uma área residencial para o futuro dos 15 utentes do CAO", disse Filomena Costa.
Com utentes com idades entre os 16 e os 44 anos, a associação debate-se com problemas a médio prazo para "criar residência própria para os utentes, que perdendo os familiares deixam de ter quem os acolha no seu dia-a-dia e a Somos Nós pode dar essa resposta assim que o constrangimento for ultrapassado", reiterou a responsável.
"O CAO trouxe uma nova capacidade de resposta, mas temos a intenção de contratualizar com a Segurança Social um aumento progressivo até aos 30 utentes", disse Filomena Costa de uma associação que "trabalha todos os dias para a integração dos seus utentes na sociedade".
Nesse âmbito, os 15 utentes têm todas as semanas actividades fora do CAO e que incluem "tratar de uma horta comunitária no Museu de Serralves, visitar workshops na Casa da Música, frequência de um ginásio e de uma piscina pública", descreveu a presidente.
"Actualmente temos oito utentes a frequentar estágios em instituições como a Junta de Freguesia de Lordelo do Ouro, no bar da Universidade Católica, numa associação do bairro do Aleixo e num café, de forma a que possam ter a noção do que é a vida fora do CAO e com isso aumentar sua auto-estima e personalidade", acrescentou.
Com uma "lista de espera de 25 pessoas", a Somos Nós tem "três técnicos a tempo inteiro, um psicólogo e uma assistente social, monitores de teatro, natação e educação física, para além de um corpo de voluntários que permite trabalhar no CAO áreas como a escrita, identificação e modo de lidar com o dinheiro e a culinária, através da confecção de refeições simples", disse.
Filomena Costa identifica como um dos maiores problemas "à plena integração dos utentes daquela associação a forma como a sociedade continua a reagir, num primeiro momento, à convivência, por exemplo em contexto de trabalho".
Em contraponto, descreve a "facilidade daqueles que chegam à Somos nós" para trabalho de voluntariado.
"Temos voluntários do curso de Psicologia da Universidade Católica, que ficam por cá durante um ano e que têm um convívio muito fácil com eles e nota-se que interagem até porque têm a mesma idade que uma parte dos nossos utentes", exemplificou.