António Pinto Ribeiro: "Uma programação pode conciliar crítica e reflexão com festividade"
O coordenador-geral da Lisboa 2017 – Capital Ibero-Americana de Cultura promete trazer à cidade cerca de 150 eventos até ao final do ano.
Qual é o modelo da Capital Ibero-Americana de Cultura?
O modelo de Lisboa é bastante inovador relativamente a outras capitais ibero-americanas. A inovação decorre do facto de a Câmara Municipal de Lisboa (CML) ter convidado um programador que redigiu uma carta programática com as razões e as linhas orientadoras da programação a que se seguiu um processo de “negociação cultural” em simultâneo com os múltiplos responsáveis dos vários equipamentos da CML, âncoras deste processo, mas também com todos os outros, associações, universidades e, naturalmente, com os artistas, produtores, pensadores, organizações culturais e políticas do universo ibero-americano
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Qual é o modelo da Capital Ibero-Americana de Cultura?
O modelo de Lisboa é bastante inovador relativamente a outras capitais ibero-americanas. A inovação decorre do facto de a Câmara Municipal de Lisboa (CML) ter convidado um programador que redigiu uma carta programática com as razões e as linhas orientadoras da programação a que se seguiu um processo de “negociação cultural” em simultâneo com os múltiplos responsáveis dos vários equipamentos da CML, âncoras deste processo, mas também com todos os outros, associações, universidades e, naturalmente, com os artistas, produtores, pensadores, organizações culturais e políticas do universo ibero-americano
Qual é a diferença de programar à escala de uma cidade?
Implicou colocar a diversidade (dos espaços, dos públicos, dos programas) como uma prioridade nesse processo de negociação cultural, tendo como rectaguarda as linhas de apresentação assumidas na carta programática – a questão indígena, os afro-descendentes, as migrações, o pensamento e a criação contemporânea –, sem nunca abdicar da ideia de que uma programação pode conciliar a crítica e a reflexão com a festividade e que o prazer da descoberta e da inteligência é tão gratificante quanto o das sensações. Isso poder-se-á comprovar nos teatros, nos concertos, nas imagens dos cinemas e das artes visuais mas também nas conferências e nos seminários. Uma cidade, qualquer cidade, resulta das sínteses entre o planeado e o que é fruto do acaso e do inesperado. Programar em colaboração com tantas pessoas acabou por ser também isso.
Que América Latina vamos ver durante esta capital cultural?
Uma América Latina revisitada nas suas obras de culto populares e eruditas, uma América Latina cujas histórias do passado são pouco conhecidas e uma América Latina com personagens, criadores, organizações que é importante conhecer, com quem vale a pena conversar e cujas obras será gratificante ver.