Trump aumenta pressão sobre fabricantes automóveis com tweet dirigido à Toyota
Presidente eleito ameaça impor tarifas aduaneiras a carros produzidos no México se construtor japonês avançar com fábrica no país vizinho.
Donald Trump ameaçou e as acções da Toyota deram um trambolhão, demonstrando até que ponto o Presidente eleito dos Estados Unidos está disposto a levar a sua ofensiva contra a deslocalização de postos de trabalho. “A Toyota diz que está a construir uma nova fábrica em Baja, no México, para produzir automóveis Corolla para os EUA. NEM PENSAR! Construam a fábrica nos EUA ou vão ter de pagar uma grande taxa aduaneira”, escreveu Trump no Twitter, naquela que é a sua primeira pressão pública sobre uma empresa estrangeira por causa de um investimento que não está directamente relacionado com o seu país.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Donald Trump ameaçou e as acções da Toyota deram um trambolhão, demonstrando até que ponto o Presidente eleito dos Estados Unidos está disposto a levar a sua ofensiva contra a deslocalização de postos de trabalho. “A Toyota diz que está a construir uma nova fábrica em Baja, no México, para produzir automóveis Corolla para os EUA. NEM PENSAR! Construam a fábrica nos EUA ou vão ter de pagar uma grande taxa aduaneira”, escreveu Trump no Twitter, naquela que é a sua primeira pressão pública sobre uma empresa estrangeira por causa de um investimento que não está directamente relacionado com o seu país.
A mensagem contém imprecisões. A Toyota tem já uma fábrica em Baja, onde produz carrinhas e camiões, escreve a Reuters. A unidade que está a construir, anunciada em Abril de 2015, situa-se no estado de Guanajuato e em Novembro vão começar a ser montados ali os Corolla que são actualmente produzidos numa fábrica do Canadá, que passará a fabricar um outro modelo.
Trump alicerçou a sua campanha na promessa de recuperar milhares de postos de trabalho nos EUA que considera terem sido extintos por causa globalização, denunciando “práticas comerciais desleais” da China ou o acordo de livre comércio com o México e Canadá (NAFTA), que já ameaçou rasgar se não conseguir renegociá-lo.
Por causa deste acordo, que aboliu as tarifas aduaneiras entre os três países, e dos salários mais baixos os grandes construtores norte-americanos transferiram para sul da fronteira muita da sua produção – segundo dados do Centro de Investigação Automóvel, citados pela agência Reuters, entre 1994 e 2013, o número de empregos nas fábricas americanas diminui cerca de um terço, enquanto no México quintuplicou e o país é actualmente responsável por 20% de todos os veículos produzidos na América do Norte.
A pressão sobre os construtores aumentou depois de a Ford ter anunciado, no início da semana, que desistiu da construção de uma nova fábrica no México, um investimento de 1600 milhões de dólares, prevendo usar parte desse dinheiro para expandir a sua produção no Michigan – um anúncio saudado pelo Presidente eleito que, noutra mensagem do Twitter, criticou também a General Motors por fabricar no país vizinho carros destinados ao mercado americano.
Mas ao dirigir-se à Toyota, Trump não só faz pressão sobre uma empresa estrangeira, como ataca uma das grandes marcas de um dos principais aliados dos EUA. As acções do fabricante japonês começaram o dia a desvalorizar 3% na Bolsa de Tóquio e apesar de terem recuperado parte do valor nas horas seguintes, Tóquio apressou-se a lembrar os empregos que o grupo automóvel criou nos EUA, onde detém dez fábricas e emprega 136 mil pessoas. “A Toyota tem-se esforçado por ser uma entidade empresarial responsável”, afirmou Yoshihide Suga, porta-voz do Governo nipónico.
Questionado sobre a mensagem no Twitter, o presidente da Toyota, Akio Toyoda, assegurou que não tem planos para desinvestir no México. Mas vários analistas afirmam que, mais do que visar esta ou aquela empresa, Trump está antecipar um novo modo de agir face às grandes empresas. “Bastam as ameaças para forçar as empresas a comportar-se mais à maneira de Trump”, disse ao New York Times o economista japonês Takuji Okubo. “Por isso, independentemente se as taxas aduaneiras vão ou não ser repostas, ele vai continuar a pressionar as empresas”.