Terrorista mais procurada da Grécia detida em Atenas

Panagiota Roupa era uma das líderes do grupo anarquista Luta Revolucionária, responsável por dezenas de atentados na Grécia.

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Roupa afirmou, depois da detenção, que é "um inimigo sem remoros do sistema até morrer" LUSA/ORESTIS PANAGIOTOU

A terrorista mais procurada da Grécia, Panagiota Roupa, de 47 anos, foi detida na madrugada desta quinta-feira nos arredores da capital Atenas pela brigada antiterrorista helénica e sem oferecer resistência, noticia o New York Times.

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A terrorista mais procurada da Grécia, Panagiota Roupa, de 47 anos, foi detida na madrugada desta quinta-feira nos arredores da capital Atenas pela brigada antiterrorista helénica e sem oferecer resistência, noticia o New York Times.

Uma das líderes, juntamente com o marido Nikos Maziotis, do grupo anarquista Luta Revolucionária, Roupa é suspeita de ajudar na organização de dezenas de atentados, entre os quais a explosão de um carro junto ao banco central grego ou a utilização de um helicóptero para libertar alguns dos seus companheiros presos. De nenhum dos ataques resultaram vítimas mortais.

Juntamente com Roupa, foi detida também uma mulher de 25 anos que estava presente no mesmo apartamento onde decorreu a operação. O filho da suspeita, de seis anos, estava também no local, tendo sido colocado sob custódia das autoridades.

O porta-voz da polícia grega, Theodoros Chronopoulos, explica ao New York Times que Roupa, também conhecida por Pola, era “a terrorista mais procurada” do país e que “foi crucial na gestão da Luta Revolucionária, mais especificamente no recrutamento”. Na altura da detenção, relata Chronopoulos, Roupa pediu às autoridades para tratarem bem do filho.

O período de maior actividade do grupo estendeu-se de 2003 até 2010. Neste período foram contabilizados 20 ataques, como assaltos à mão armada, atentados à bomba ou, por exemplo, o lançamento de uma granada antitanque contra a embaixada dos EUA em 2007, e tiroteios contra a polícia. Daí resultaram vários feridos mas nenhuma morte.

A partir de 2010 o grupo abrandou a actividade, principalmente devido à prisão de Roupa e do companheiro, Maziotis, que cumpriram uma sentença de 18 meses de prisão por acusações de terrorismo.

Em 2012 foram libertados com a obrigação de apresentação semanal às autoridades. Porém, o casal optou por se colocar em fuga. Em 2013, foram condenados a 50 anos de prisão, apesar de ainda se encontrarem a monte. O então primeiro-ministro Andonis Samaris ofereceu até uma recompensa de dois milhões de euros a quem ajudasse a capturar o casal.

Depois de um período de relativa inactividade, e após um ataque à bomba num parque de estacionamento em Atenas reivindicado pela Luta Revolucionária, Maziotois foi detido em 2014 na sequência de um tiroteio com a polícia na capital helénica, onde três pessoas, incluindo um polícia, um turista alemão e um australiano, ficaram feridas.

Em 2016, Roupa alugou um helicóptero utilizando uma identificação falsa para soltar o companheiro e outros colegas que estavam detidos. Forçou, com uma arma, o piloto a sobrevoar a prisão mas este conseguiu recuperar o controlo da situação e boicotar o plano. Roupa conseguiu fugir do local e escapar à prisão.

Panagiota Roupa irá agora enfrentar acusações em relação à violação dos termos da libertação da primeira detenção e ao envolvimento na explosão de um carro-bomba em 2014. As autoridades investigam ainda a possibilidade de ter estado envolvida em assaltos a bancos, diz o New York Times.

O jornal americano cita ainda o advogado de defesa que revela que Roupa assumiu já a responsabilidade pelos dois primeiros crimes.

Depois da notícia da detenção, que ganhou particular relevo entre a comunicação social grega, a irmã da detida, Christianna, leu um comunicado, em nome de Roupa, em que, segundo o New York Times, diz: “Sou um inimigo sem remorsos do sistema até morrer”. E conclui com um voto: “vida longa à revolução”.