Preços da energia disparam e fazem subir inflação na zona euro
Taxa de inflação homóloga passa de 0,6% para 1,1% em Dezembro. Retirando da análise os bens mais voláteis como os combustíveis, a subida é bem mais moderada.
A inflação na zona euro subiu em Dezembro para o valor mais alto dos últimos 39 meses, impulsionada pelo ressurgimento de uma alta de preços nos produtos energéticos no final de 2017. Estes dados prometem intensificar o debate dentro do Banco Central Europeu sobre a manutenção de uma política monetária expansionista.
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A inflação na zona euro subiu em Dezembro para o valor mais alto dos últimos 39 meses, impulsionada pelo ressurgimento de uma alta de preços nos produtos energéticos no final de 2017. Estes dados prometem intensificar o debate dentro do Banco Central Europeu sobre a manutenção de uma política monetária expansionista.
De acordo com a estimativa rápida divulgada esta quarta-feira pelo Eurostat, a taxa de inflação homóloga no total da zona euro passou de 0,6% em Novembro para 1,1% em Dezembro. Este tipo de subida já era antecipado depois de se ter ficado a saber na terça-feira que a inflação na Alemanha – a maior economia da zona euro – tinha subido para 1,7% em Dezembro.
A explicação para a aceleração dos preços na zona euro encontra-se em larga medida naquilo que está a acontecer no sector energético. Num cenário em que uma parte importante dos grandes exportadores de petróleo mundiais chegou a um entendimento para a limitação da produção, os preços do crude registaram uma subida muito significativa nas últimas semanas do ano. E os impactos fizeram-se sentir muito rapidamente junto dos consumidores.
Os dados do Eurostat mostram que a variação homóloga dos preços do produtos energéticos passou de-1,1% em Novembro para 2,5% em Novembro.
Esta alteração radical foi responsável pela maior parte da subida registada no valor global da inflação. Excluindo os produtos energéticos, a inflação na zona euro subiu, mas apenas de 0,8 para 1%. Se se retirar também da análise outros bens com preços mais voláteis como os alimentos, bebidas alcoólicas e tabaco, a subida registada na inflação foi ainda mais moderada, de apenas 0,1 pontos percentuais, para 0,9%.
Isto é a aquilo a que normalmente se chama “inflação subjacente” e é o indicador mais utilizado para perceber qual é a verdadeira tendência dos preços, retirando efeitos pontuais e provenientes de mudanças extraordinárias em mercados internacionais como o petrolífero e os de outras matérias-primas.
Para o BCE, tanto o valor da inflação global como o da inflação subjacente vão ser importantes para as decisões que irá ter de tomar na condução da sua política monetária.
A questão central vai ser a de saber se a subida dos preços da energia agora registada acabará por conduzir a subidas nos preços de outros bens, influenciando também os valores da inflação subjacente. Se os responsáveis do BCE chegarem à conclusão de que isso pode estar a acontecer irão certamente colocar em causa a manutenção da política muito expansionista que têm vindo a seguir, nomeadamente com medidas como a compra de dívida pública nos mercados.