EUA anunciam sanções à Rússia e expulsam diplomatas
O novo pacote de medidas surge como retaliação da "interferência" de Moscovo nas presidenciais. Kremlin diz que relações diplomáticas foram destruídas.
O Governo dos EUA aprovou um pacote de sanções à Rússia na sequência da acusação da interferência de Moscovo nas eleições norte-americanas. Trata-se de uma resposta que o Presidente Barack Obama já tinha anunciado que iria acontecer, e que agora justificou como sendo a reacção aos esforços russos de "agir contra os interesses americanos" e a "ingerência no processo democrático".
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O Governo dos EUA aprovou um pacote de sanções à Rússia na sequência da acusação da interferência de Moscovo nas eleições norte-americanas. Trata-se de uma resposta que o Presidente Barack Obama já tinha anunciado que iria acontecer, e que agora justificou como sendo a reacção aos esforços russos de "agir contra os interesses americanos" e a "ingerência no processo democrático".
Os EUA ordenaram também a expulsão de 35 diplomatas russos e encerraram duas instalações russas em Nova Iorque e no Maryland, em resposta ao que à Administração norte-americana diz ser uma campanha de assédio a diplomatas americanos em Moscovo. Segundo revelou um responsável norte-americano à Reuters, os diplomatas russos receberam uma notificação para deixarem os EUA em 72 horas e o acesso às instalações foi negado a cidadãos russos.
“Estas acções surgem no seguimento de repetidos avisos privados e públicos que emitimos ao Governo russo, e são a resposta necessária e apropriada aos esforços para prejudicar os interesses dos EUA numa violação das normas internacionais estabelecidas de comportamento”, refere Obama num comunicado citado pela Reuters.
Apesar de deixar a Casa Branca no próximo dia 20 de Janeiro, o Presidente norte-americano promete mais represálias contra o Kremlin: “Estas acções não constituem a soma total da nossa resposta às actividades agressivas da Rússia. Vamos continuar a tomar uma variedade de acções no momento e local à nossa escolha. Algumas não serão divulgadas”.
Nos próximos dias será entregue um relatório sobre a alegada interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas deste ano ao Congresso, informou ainda Barack Obama.
Sanções "destroem" relações diplomáticas
Moscovo já reagiu através do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, garantindo que a resposta russa será a "adequada" e que será Vladimir Putin a tomar essa decisão. No entanto, especifica que as represálias irão “provocar desconforto significativo no lado americano nas mesmas áreas” O que adiantou desde logo foi que a acção norte-americana "destrói" as relações diplomáticas entre a Rússia e os EUA.
Lamentando a aprovação das sanções dos EUA, que considera "ilegais", Peskov afirmou que este é um sinal da política agressiva de Washington nas relações externas: “Do nosso ponto de vista estas acções da actual administração dos EUA são uma manifestação da imprevisível e até agressiva política externa”, cita a televisão russa RT.
O porta-voz russo questionou ainda a eficiência do pacote de sanções, tendo em conta que Obama deixa o cargo daqui a três semanas e que o Presidente eleito, Donald Trump, não deverá aprovar esta resposta.
O futuro Presidente americano também reagiu afirmando que "é tempo de o nosso país seguir para para coisas maiores e mais importantes", cita a Reuters. Trump revela também que se irá informar sobre toda a situação: "No interesse do nosso grande país e do seu grande povo, vou encontrar-me com os líderes da comunidade de informação na próxima semana para ser actualizado com os factos desta situação".
Poucas horas depois de se conhecerem as medidas por parte da administração Obama, as agências de informação e segurança norte-americanas divulgaram um comunicado conjunto sobre o tema, afirmando que esta actividade com origem nos serviços de informação russos faz parte de uma “campanha com uma década de operações cibernéticas direccionadas ao Governo dos EUA e aos seus cidadãos”.
Segundo as mesmas agências, estas campanhas incluíram actividades como o “spearphishing”, que consiste numa fraude electrónica contra alvos específicos com o objectivo de obter acesso não-autorizado a dados confidenciais, e acções contra “organizações governamentais, infra-estruturas críticas, think thanks, universidades, organizações políticas e empresas”.