Reforço do transporte público é a arma de Góis contra o “drama do isolamento”
Góis terá, a partir de 2 de Janeiro, nove circuitos fixos de autocarro que vão abranger as quatro freguesias do concelho. Em Janeiro, o mês piloto, o transporte será gratuito.
Contrariar a necessidade de usar o carro e permitir à população que vive fora da sede do concelho sair do “isolamento para que está voltada”. Estes são os grandes objectivos do GoiSIM, o sistema integrado de mobilidade do concelho de Góis apresentado esta quinta-feira por este município do distrito de Coimbra.
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Contrariar a necessidade de usar o carro e permitir à população que vive fora da sede do concelho sair do “isolamento para que está voltada”. Estes são os grandes objectivos do GoiSIM, o sistema integrado de mobilidade do concelho de Góis apresentado esta quinta-feira por este município do distrito de Coimbra.
Góis terá, a partir de 2 de Janeiro, nove circuitos fixos de autocarro que vão abranger as quatro freguesias do concelho, garantiu Lurdes Castanheira, presidente da autarquia (PS). São cerca de 300 km que a autarquia pretende dotar de transporte público, resultantes de um acordo com a Transdev, a empresa que já operava na região.
Nunca o município teve um “sistema de transporte público que respondesse às necessidades da população”, garante a autarca. Depois de um estudo, iniciado em 2014, ao transporte público no concelho, este revelou-se “claramente insipiente” e “incapaz de contrariar o isolamento” dos que residem fora da vila de Góis: havia apenas um autocarro por semana, à terça-feira – dia de mercado municipal – que funcionava durante a manhã, e ligações diárias a Coimbra, com saída de Góis de manhã e chegada à noite.
As novas carreiras vão privilegiar a mobilidade das freguesias para a sede do concelho e a deslocação para os serviços públicos locais. Haverá ainda num reforço das carreiras para Coimbra, Lousã, Arganil e Vila Nova de Poiares de forma a “ajustar os horários dos autocarros aos dos trabalhadores e estudantes”, ressalvou a autarca. A partir do 9.º ano, os estudantes de Góis têm que estudar fora do concelho, por falta de oferta educativa.
Investimento de 90 mil euros
“O isolamento é um drama em Góis”, principalmente junto da população idosa. Motivo pelo qual a câmara criou um passe social para aposentados, de 7 euros mensais. O passe para a população não-aposentada é de 12 euros e transporte escolar mantém-se gratuito. Esta é a primeira vez que o município tem um passe social, ressalvou Lurdes Castanheira.
Fora do regime de passes, cada viagem vai custar um euro ou 50 cêntimos, caso seja comprada através do cartão Valor, um cartão de viagens recarregável. Em Janeiro, mês de arranque deste sistema de mobilidade, o transporte será gratuito.
Este sistema de mobilidade representa um investimento de 90 mil euros anuais por parte da autarquia.
A iniciativa de Góis segue os passos do concelho vizinho da Lousã, onde, desde o início de 2016, existem cinco linhas de transporte público. O UrbLousã – Transportes Públicos da Lousã foi criado com a mesma intenção de facilitar o acesso da população do concelho aos serviços locais.
O município de Góis, a meio caminho entre o Oceano Atlântico e Espanha, tem vindo sucessivamente a perder população, tendo registado, nos Censos de 2011, o número mais baixo de residentes desde que é feito este tipo de recenseamento populacional: 4260. Vinte anos antes, o número já tinha descido drasticamente para pouco mais de 6400 pessoas.