Obama respeitou Bush, que respeitou Clinton
Todos os futuros ocupantes da Casa Branca respeitaram este princípio, até chegar Donald Trump
“Nos Estados Unidos só há um Presidente de cada vez”, respondeu o recém-eleito Barack Obama, pressionado a comentar as negociações em curso para pôr termo à ofensiva israelita na Faixa de Gaza, em Dezembro de 2008. “Este princípio constitucional é de extrema importância, especialmente na arena da política externa. Não pode haver duas vozes a falar pelos EUA”, reforçou o então senador e professor de Direito Constitucional, remetendo para George W. Bush todas as explicações sobre a posição norte-americana no conflito.
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“Nos Estados Unidos só há um Presidente de cada vez”, respondeu o recém-eleito Barack Obama, pressionado a comentar as negociações em curso para pôr termo à ofensiva israelita na Faixa de Gaza, em Dezembro de 2008. “Este princípio constitucional é de extrema importância, especialmente na arena da política externa. Não pode haver duas vozes a falar pelos EUA”, reforçou o então senador e professor de Direito Constitucional, remetendo para George W. Bush todas as explicações sobre a posição norte-americana no conflito.
A declaração de Obama era, no essencial, uma paráfrase de George W. Bush, depois das eleições de 2000. O republicano declinou responder a perguntas sobre Israel antes de tomar posse: “A nossa nação tem um único Presidente e fala com uma única voz. O nosso Presidente chama-se Bill Clinton”, sublinhou o republicano. Oito anos antes, o democrata que “roubara” ao seu pai a possibilidade de um segundo mandato na Casa Branca, deixara claro na sua primeira conferência de imprensa depois de vencer as eleições que os EUA não mudariam de rumo quando entrasse na Casa Branca: “Reafirmo a continuidade essencial da política externa americana”, frisou Clinton.
Para salvaguardar esse princípio, sempre respeitado, mas agora posto em causa pelo turbilhão de Trump, um congressista da California apresentou uma proposta de emenda ao Logan Act, a lei de 1799 que proíbe cidadãos de tomar decisões que tenham influência na política externa e segurança nacional. O democrata Jared Huffman acrescentou um parágrafo à lei, para clarificar que nessa categoria também se encontra o Presidente eleito. A proposta ainda não foi aprovada.
"Só o Presidente, e não o Presidente eleito que terminou a campanha mas não tomou posse, tem a autoridade para tomar decisões críticas em matérias de política externa, que podem ter repercussões na segurança, economia e na posição da América no mundo", escreveu Huffman.