EUA acusam Israel de tentar “ocupação permanente” da Cisjordânia
Trump diz a Israel para se "manter forte" até à sua tomada de posse. Netanyahu acusa Kerry de fazer "discurso distorcido contra Israel".
O Governo israelita foi acusado pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, de estar a fazer esforços para alcançar uma “ocupação permanente” dos territórios palestinianos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Governo israelita foi acusado pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, de estar a fazer esforços para alcançar uma “ocupação permanente” dos territórios palestinianos.
Dias depois da aprovação de uma resolução a condenar a expansão dos colonatos pelo Conselho de Segurança da ONU, Kerry justificou a abstenção dos EUA que permitiu a passagem do documento. O objectivo é “preservar a solução de dois Estados”, explicou o chefe da diplomacia norte-americana.
"Apesar dos nossos melhores esforços nos últimos anos, a solução de dois Estados corre hoje um sério risco", reconheceu Kerry. Os receios de Kerry estão relacionados com a expansão da construção de colonatos israelitas nos territórios ocupados de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia.
O secretário de Estado, naquela que foi uma das últimas declarações antes de abandonar a Administração norte-americana, acusou Israel de estar empenhada num "projecto exaustivo para se apropriar das terras na Cisjordânia que impede qualquer implantação dos palestinianos".
"Como pode Israel conciliar a sua ocupação permanente com os seus ideais democráticos?", questionou.
Os EUA foram muito criticados pelo Governo israelita por não terem vetado uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que condena a construção de colonatos. Foi a primeira vez em 36 anos que Washington permitiu, mediante a abstenção, a passagem de uma resolução crítica dos colonatos israelitas.
Kerry veio a público justificar a opção, lembrando que "todas as administrações [presidenciais] se mostraram contra a construção de colonatos". Os colonos, acusou o secretário de Estado, estão "em vias de decidir o futuro de Israel". "O seu objectivo declarado é claro: eles acreditam num só Estado, a grande Israel."
A israelitas e palestinianos afiguram-se dois caminhos, continuou Kerry: "Podem continuar a viver juntos no mesmo Estado ou podem separar-se em dois Estados." "Mas há uma realidade fundamental, se a escolha for a de um só Estado, Israel pode ser ou judaica ou democrática, não pode ser ambas, e nunca irá estar verdadeiramente em paz", acrescentou Kerry.
Ainda antes da declaração de Kerry, o Presidente eleito, Donald Trump, voltou a criticar a política da actual Administração em relação a Israel - a quem pediu para se "manter forte" pois "20 de Janeiro está quase a chegar", o dia em que s etorna Presidente dos EUA. "Não podemos continuar a deixar que Israel seja tratada com tanto desprezo e desrespeito", disse Trump, através do Twitter.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, acusou Kerry de fazer um discurso "distorcido contra Israel" e de se ter focado "obsessivamente" na questão dos colonatos, esquecendo "a raiz do conflito — a oposição palestiniana a um Estado israelita dentro de quaisquer fronteiras".
Disse que o discurso de Kerry foi "quase um embaraço". "Os israelitas não precisam de levar sermões sobre a necessidade da paz de líderes estrangeiros", dise Netanyahu, num discurso a comentar as palavras duras de Kerry.
Acusou os EUA de não terem posto o mesmo empenho na condenação do terrorismo palestiniano que pôs nas acusações a Israel. Defendeu o direito "histórico" dos israelitas ao seu território e à sua "capital histórica, Jerusalém".
O primeiro-ministro israelita disse esperar trabalhar com o Presidente eleito Donald Trump.