Israel vai dar luz verde à construção de centenas de casas em Jerusalém Oriental

Primeiro-ministro Netanyahu diz que o seu país “não dá a outra face” depois da votação do Conselho de Segurança da ONU.

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O voto do Conselho de Segurança iniciou uma escalada de tensão entre Israel e os EUA Kevin Lamarque / Reuters

Israel vai avançar com a construção de centenas de novas casas em Jerusalém Oriental, anunciou o Governo de Benjamin Netanyahu, num claro desafio à condenação dos colonatos por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

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Israel vai avançar com a construção de centenas de novas casas em Jerusalém Oriental, anunciou o Governo de Benjamin Netanyahu, num claro desafio à condenação dos colonatos por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O município de Jerusalém prepara-se para dar luz verde, esta quarta-feira, à construção de 600 novas casas, que deverão ser as primeiras de um conjunto de 5600, explica o The New York Times, adiantando que os trabalhos de construção já tinham sido iniciados. É desta forma que o executivo israelita marca posição, dizendo que “não dá a outra face” depois da derrota sofrida nas Nações Unidas num voto em que os Estados Unidos optaram pela abstenção.

Se os EUA tivessem votado contra, como aconteceu muitas vezes no passado, a posição americana teria bloqueado o voto de condenação do Conselho de Segurança, que, assim, foi aprovado por 14 votos favoráveis e zero contra. A resolução condena os colonatos tanto na Cisjordânia como em Jerusalém Oriental, considerando-os “uma flagrante violação da lei internacional” e um obstáculo à paz.

Tudo indica, sublinha o The New York Times, que a tensão irá continuar a subir entre os Estados Unidos e Israel nestas últimas semanas do mandato do Presidente Barack Obama. Ron Dermer, o embaixador israelita nos EUA, disse à CNN que o seu Governo tem provas de que a Administração Obama esteve activamente por trás da resolução, a que chamou “um capítulo vergonhoso nas relações EUA-Israel”.

Quanto ao Presidente eleito, Donald Trump, defendeu publicamente o veto americano e, noutro sinal importante daquela que irá ser a sua política para o Médio Oriente, escolheu como embaixador em Israel David Friedman, conhecido defensor da política de colonatos. Além disso, na sequência da votação, Trump usou o Twitter para classificar a ONU como “apenas um clube para as pessoas se juntarem, falarem e passarem um bom momento”.

“Israel é um país com orgulho nacional e não dá a outra face”, declarou, por seu lado, Netanyahu. O chefe do Governo israelita tomou entretanto outras medidas de retaliação, mandando chamar os representantes dos países membros do Conselho de Segurança em Israel para os repreender e anunciando que deixará de financiar a ONU. “Esta é”, disse Netanyahu, “uma resposta responsável, medida e vigorosa, a resposta natural de um povo saudável que quer deixar claro às nações do mundo que o que aconteceu nas Nações Unidas é inaceitável para nós.”

Dados do Peace Now, um grupo que se opõe aos colonatos, citados pelo The New York Times, indicam que em 2009, quando Obama foi eleito pela primeira vez, havia 297 mil pessoas a viver em colonatos na Cisjordânia e 193 mil em Jerusalém Oriental. No final de 2014, os números tinham aumentado para 386 mil na Cisjordânia e 208 mil em Jerusalém Oriental. O diário israelita Haaretz noticia, por seu lado, que “desde 2014, Israel destruiu 18 estruturas palestinianas por cada autorização de construção que deu [a palestinianos] na área C da Cisjordânia”.