Depois de eleito, Trump não voltou a falar no Japão

Enquanto candidato, questionou a continuação do acordo de segurança EUA/Japão, vital na região da Ásia/Pacífico.

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Donald Trump Reuters

Shinzo Abe foi o único líder estrangeiro que se reuniu com Donald Trump depois de este ter ganho as eleições nos EUA. O encontro, na segunda semana de Novembro, decorreu na Trump Tower de Nova Iorque — onde o magnata montou o seu quartel-general até à tomada de posse, a 20 de Janeiro — e durou 90 minutos. No final, o primeiro-ministro japonês disse que o Presidente eleito é uma pessoa em quem se pode ter "grande confiança".

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Shinzo Abe foi o único líder estrangeiro que se reuniu com Donald Trump depois de este ter ganho as eleições nos EUA. O encontro, na segunda semana de Novembro, decorreu na Trump Tower de Nova Iorque — onde o magnata montou o seu quartel-general até à tomada de posse, a 20 de Janeiro — e durou 90 minutos. No final, o primeiro-ministro japonês disse que o Presidente eleito é uma pessoa em quem se pode ter "grande confiança".

Pouco depois, um porta-voz do Governo japonês disse que as relações bilaterais tinham tido "um muito bom começo". Nada mais transpareceu de uma reunião que motivou muitas perguntas. Por exemplo: como seria o clima na sala, uma vez que durante toda a campanha Trump fizera afirmações muito agressivas sobre o Japão e a histórica aliança com os EUA.

No essencial, enquanto candidato, Trump sugeriu o fim do pacto que garante a segurança do Japão e que sustenta a influência dos Estados Unidos na região estratégica da Ásia-Pacífico.

Num comício, Trump disse que, se os EUA fossem atacados, o que o Japão faria era "ficar sentado em casa a ver televisão nos seus Sony". "Sabem que temos um acordo com o Japão, que diz que se o Japão for atacado temos que usar toda a força dos EUA [para os proteger]?", perguntou o candidato no Iowa. "Eles têm que pagar, porque isto não é o mesmo que há 40 anos — disse —, tem de haver reciprocidade".

Trump declarou-se assim contra o investimento americano sem uma contrapartida japonesa — muitos questionaram se o então candidato estaria a par das particularidades japonesas, em especial o artigo 9 da sua Constituição que proíbe o país de ter um exército (tem forças de defesa) e de combater no estrangeiro, uma herança da II Guerra, sendo que foi o ímpeto expansionista de Tóquio, e o ataque a Pearl Harbour, que empurraram os EUA para este conflito. Especificidades que justificam que, no Japão, estejam estacionados 47 mil militares americanos.

O Presidente eleito acabaria por suavizar as suas palavras. Disse que os EUA podem afastar-se deste velho compromisso, "se for necessário". "Não digo que vai acontecer. Digo que pode acontecer", disse.

Depois de eleito, Trump não voltou a falar no Japão.