Síria e Ruanda na agenda do Teatro Municipal do Porto para 2017
Os coreógrafos Mithkal Alzghair e Dorothée Munyaneza estreiam-se em Portugal num ciclo que terá como foco as migrações.
Alepo é um desastre, as Nações Unidas deixaram de publicar estatísticas sobre o número de mortos e feridos da guerra civil que se arrasta sem fim à vista desde 2011, mas sim, insiste Mithkal Alzghair, ainda há uma coisa a que se possa chamar a dança síria – mesmo que, como no seu caso, ela esteja condenada a acontecer no exílio. Impedido de regressar a casa depois de completar o mestrado com Mathilde Monnier em Montpellier, o bailarino e coreógrafo sírio que chega ao Porto, logo no início de Março, para ser um dos dois protagonistas do Foco Deslocações parte justamente da sua experiência enquanto refugiado para interrogar até que ponto a guerra e o êxodo transformarão irreversivelmente a tradição coreográfica do seu país.
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Alepo é um desastre, as Nações Unidas deixaram de publicar estatísticas sobre o número de mortos e feridos da guerra civil que se arrasta sem fim à vista desde 2011, mas sim, insiste Mithkal Alzghair, ainda há uma coisa a que se possa chamar a dança síria – mesmo que, como no seu caso, ela esteja condenada a acontecer no exílio. Impedido de regressar a casa depois de completar o mestrado com Mathilde Monnier em Montpellier, o bailarino e coreógrafo sírio que chega ao Porto, logo no início de Março, para ser um dos dois protagonistas do Foco Deslocações parte justamente da sua experiência enquanto refugiado para interrogar até que ponto a guerra e o êxodo transformarão irreversivelmente a tradição coreográfica do seu país.
Além de Alzghair, que trará Displacement ao Teatro do Campo Alegre a 4 de Março, o ciclo com que o Teatro Municipal do Porto (TMP) quer pôr o dedo em certas feridas abertas da História contemporânea incluirá outra estreia em Portugal, a da coreógrafa e música Dorothée Munyaneza. Samedi Détente, que mostrará um dia depois na mesma sala, é a maneira que encontrou para contar o genocídio ruandês e a brutalidade com que ele veio interromper a sua e muitas outras adolescências.
Antes, já a 21 de Janeiro, o TMP festejará o 85.º aniversário do seu pólo mais central, o Rivoli, com 115 artistas e 15 horas de programação non-stop (e gratuita), incluindo espectáculos e/ou intervenções do escritor Valter Hugo Mãe, do coreógrafo Joclécio Azevedo e do Drumming Marimba Quartet, a estreia absoluta da nova criação de Marco da Silva Ferreira, Brother, e um concerto que junta os Sensible Soccers, o Grupo de Percussão de Valhelhas e Tiago Pereira.
Ainda no primeiro trimestre, a 17 de Fevereiro, o Rivoli receberá a estreia da nova peça da Companhia Instável, La nuit tous les chats sont gris, co-produção com os suíços da Cie. 7273, e, a 9 de Março, o espectáculo com que Akram Khan consuma o seu regresso à Companhia Nacional de Bailado, iTMOI. Dias depois, o TMP faz uma das suas saídas ao exterior – no caso, ao Palácio da Bolsa, com um convidado bastante fora do baralho: o historiador, director do Museu da Moda de Paris e também performer Olivier Saillard.