Alemanha procura eventuais cúmplices do atacante de Berlim

"Como é que ele pôde chegar a Itália?", questiona chefe antiterrorista da Alemanha.

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Irmão de Anis Amri mostra uma foto do autor do ataque ao mercado de Natal em Berlim Reuters/ZOUBEIR SOUISSI

Para a Alemanha, ainda há contas a ajustar por causa do ataque mortal em Berlim. O autor do ataque foi abatido quatro dias depois, em Itália, mas as dúvidas sobre a sucessão de decisões que levaram as autoridades alemãs a dar liberdade a Anis Amri são muitas e, por isso, as investigações continuam, apesar da morte do atacante tunisino, em Milão, na sexta-feira.

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Para a Alemanha, ainda há contas a ajustar por causa do ataque mortal em Berlim. O autor do ataque foi abatido quatro dias depois, em Itália, mas as dúvidas sobre a sucessão de decisões que levaram as autoridades alemãs a dar liberdade a Anis Amri são muitas e, por isso, as investigações continuam, apesar da morte do atacante tunisino, em Milão, na sexta-feira.

“O perigo terrorista permanece”, preveniu a chanceler alemã Angela Merkel, na ressaca do atentado que matou 12 pessoas, e feriu meia centena, quando um camião avançou sobre pessoas num mercado de Natal.

“Para nós, o importante agora é determinar se durante a preparação e a execução” do atentado “e a fuga do suspeito, se houve uma rede de apoio, de ajuda, de cúmplices”, indicou o responsável da equipa antiterrorista alemã, Peter Frank, citado pela AFP.

Por isso, os investigadores pretendem para já reconstituir o percurso exacto do tunisino desde Berlim até Milão, onde foi interceptado, explica o mesmo responsável. “Como é que ele pôde chegar a Itália?”

A mesma pergunta imprimiu o jornal de maior circulação na Alemanha, o tablóide Bild, nas suas páginas: “Como é que ele pôde chegar a Itália depois de Berlim?”, interroga o periódico, alegando que Anis Amri consegiu escapar debaixo do nariz das autoridades que, no passado, já haviam ignorado outras oportunidades de deter o autor do ataque de segunda-feira, 19 de Dezembro.

Para a chanceler federal, mais do que perceber o que se passou neste caso importa perceber se alguma coisa falhou. “Vamos avaliar exaustivamente o que deve mudar no leque de ferramentas à disposição do Estado” em casos como este, disse Merkel. Amri viveu quatro anos em Itália, antes de se mudar para a Alemanha. Viveu boa parte do tempo em prisões italianas, onde se terá radicalizado. Amri não deveria ter entrado na Alemanha sequer, a quem pediu asilo, e quando este foi rejeitado, o tunisino continuou a circular no país, sob diversas identidades, debaixo do olho das autoridades policiais e judiciárias que, no entanto, nunca o chegaram a prender.

De acordo com a polícia italiana, o autor do atentado – facto confirmado pelo Daesh – saiu da Alemanha para França antes de rumar a Milão, onde acabaria por ser morto numa troca de tiros na sequência de um controlo numa estação ferroviária. Num saco transportado pelo assassino, as autoridades italianas encontraram um bilhete que mostra que Anis entrou no comboio em Chambéry, no leste da França e que passou por Turim, antes de chegar a Milão, dizem os jornais alemães.

Ao Journal du Dimanche, de França, o director-geral da polícia francesa, Jean-Marc Falcone, disse estar interessado em apurar se e como foi possível o suspeito passar por território francês, sendo que do lado alemão se pretende agora saber se a arma na posse do terrorista é a mesma utilizada contra o motorista polaco do camião usado no ataque, e que foi encontrado sem vida.

O chefe da Polícia Judiciária alemã, Holger Münch, promete que “centenas” de agentes estarão a trabalhar durante as festas de Natal e de Ano Novo neste dossier. O caso levantou muitas interrogações na Alemanha sobre eventuais consequências negativas para a segurança da Alemanha decorrentes da política de acolhimento de refugiados posta em prática pelo Governo de Merkel, que tem eleições daqui a nove meses e concorre a um quarto mandato consecutivo.

Na sua mensagem de Natal, neste sábado, o Presidente alemão, Joachim Gauck, apelou aos alemães para que não cedam “ao medo”. “Precisamente em períodos de atentados terroristas não devemos alargar divisões na nossa sociedade”, nem “condenar na generalidade um grupo de pessoas”, disse Gauck, aludindo aos refugiados.