Uma nova corrida às armas nucleares seria "bem-vinda", diz Trump
A propósito do tweet em que diz que o país necessita de "reforçar e expandir" o seu arsenal nuclear, Donald Trump desafia: "Que haja uma corrida ao armamento".
Quem tem medo de voltar à corrida ao armamento dos tempos da Guerra Fria, e em especial às armas nucleares? O Presidente eleito norte-americano Donald Trump não dá sinais de o ter. “Que haja uma corrida ao armamento. Vamos ganhar a todos eles em todas as ocasiões e perdurar", disse Trump à apresentadora Mika Brzezinski do programa da manhã do canal MSNBC, Morning Joe, num telefonema que ela lhe fez esta manhã, para tentar esclarecer o tweet de quinta-feira em que ele afirmava que o país necessitava de “reforçar e expandir” o seu arsenal nuclear.
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Quem tem medo de voltar à corrida ao armamento dos tempos da Guerra Fria, e em especial às armas nucleares? O Presidente eleito norte-americano Donald Trump não dá sinais de o ter. “Que haja uma corrida ao armamento. Vamos ganhar a todos eles em todas as ocasiões e perdurar", disse Trump à apresentadora Mika Brzezinski do programa da manhã do canal MSNBC, Morning Joe, num telefonema que ela lhe fez esta manhã, para tentar esclarecer o tweet de quinta-feira em que ele afirmava que o país necessitava de “reforçar e expandir” o seu arsenal nuclear.
Estas declarações não foram feitas no ar, mas sim num momento em que estava simplesmente a falar com Brzezinski.
Contrastam em absoluto com a posição assumida por Barack Obama que, num célebre discurso em Praga, em 2009, apelou a um mundo sem armas nucleares.
Actualmente, os EUA dispõem de 7000 ogivas nucleares, um pouco menos do que a Rússia, que tem algumas centenas mais. O Pentágono tem planos para modernizar os três ramos do seu programa nuclar - mísseis intercontinentais, submarinos e bombardeiros estratégicos -, o que terá um custo estimado de um milhão de milhões de dólares, a 30 anos.
Já Vladimir Putin, que na quinta-feira tinha anunciado como objectivo da Rússia, para 2017, “aumentar a capacidade de combate das forças nucleares estratégicas”, não manifestou surpresa. Desvalorizou-as: “Quanto [aos comentários do] recentemente eleito Presidente dos EUA, não há nada de novo”, afirmou na conferência de imprensa de fim de ano, que durou quatro horas. “Durante a campanha eleitoral, disse que os EUA precisavam de reforçar as capacidades nucleares e as Forças Armadas, e não há nada de novo aí”, concluiu, citado pela CNN.
Mas esta explicação surgiu ainda antes da tomada de posição de Trump à estação MSNBC. Por isso, coube ao porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, colocar água na fervura, desta vez, garantindo que a Rússia nunca iniciou uma corrida ao armamento e nunca o irá fazer, de acordo com a agência de notícias russa RIA.
Perante as novas declarações do futuro Presidente norte-americano, e apesar de não terem sido colocados no ar, o recém-escolhido porta-voz de Trump, Sean Spicer, insistiu que o objectivo é enviar uma mensagem de força a países como a Rússia e a China e não indicar que os EUA planeiam aumentar a sua capacidade nuclear: “Ele vai fazer o que for preciso para proteger este país e se outro país ou países quiserem ameaçar a nossa segurança e soberania, ele vai fazer o que for necessário”, afirmou Spicer à CNN.
“Se outro país expandir o seu [arsenal nuclear], os EUA vão agir… Mas eu acredito que não vai acontecer porque penso que eles já viram, a nível doméstico e internacional, que este é um homem de acção”, garantiu ainda o porta-voz.
Carta “muito simpática” de Putin
Horas depois, à margem desta troca de palavras e explicações sobre o armamento nuclear da Rússia e dos EUA, o gabinete de transição presidencial de Trump divulgou uma carta recebida a 15 de Dezembro do Presidente russo, uma carta “muito simpática”.
Nessa nota, citada pela Reuters, o líder do Kremlin apelou à cooperação bilateral entre os dois países e a um “novo nível” de relacionamento. A equipa de transição do republicano divulgou até uma cópia da missiva, em que se lê: “Eu desejo que… possamos ser capazes – ao agir de uma maneira construtiva e pragmática – de tomar as medidas reais para restabelecer o quadro de cooperação bilateral em diferentes áreas, bem como levar a colaboração na cena internacional a um novo nível qualitativo”.