Clientes vão poder pagar voluntariamente as multas nos transportes
Governo compromete-se a alterar a lei no primeiro semestre de 2017, mas ainda não dá garantias de uma solução definitiva para resolver atraso na cobrança de multas.
Quase três anos depois de ter sido criado um novo modelo de cobrança de multas de transportes que nunca funcionou, o Governo prepara-se para começar a fazer alterações que permitam aos operadores recuperar pelo menos parte do dinheiro e que, em simultâneo, ponham um travão no sentimento de impunidade que se criou com o atraso na resolução do problema. O ministro do Ambiente garantiu ao PÚBLICO que, até ao final do primeiro semestre do próximo ano, passará a ser possível aos infractores pagar directamente os valores em falta junto das empresas – uma possibilidade que desapareceu com a mudança legislativa feita em Janeiro de 2014.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Quase três anos depois de ter sido criado um novo modelo de cobrança de multas de transportes que nunca funcionou, o Governo prepara-se para começar a fazer alterações que permitam aos operadores recuperar pelo menos parte do dinheiro e que, em simultâneo, ponham um travão no sentimento de impunidade que se criou com o atraso na resolução do problema. O ministro do Ambiente garantiu ao PÚBLICO que, até ao final do primeiro semestre do próximo ano, passará a ser possível aos infractores pagar directamente os valores em falta junto das empresas – uma possibilidade que desapareceu com a mudança legislativa feita em Janeiro de 2014.
“Há uma alteração que acontecerá certamente no primeiro semestre do próximo ano, permitindo que as empresas passem a poder cobrar as multas daqueles clientes que voluntariamente querem pagar. Essa parte, pelo menos, será já resolvida. Ter-se impedido o pagamento voluntário [com a revisão da lei feita pelo anterior Governo PSD/CDS] foi uma solução sem pés nem cabeça”, defendeu Matos Fernandes.
Sobre a resolução do atraso na cobrança, que a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) deveria ter começado a fazer desde há quase três anos, o governante assumiu que “o modelo que existe não funciona” e que, por isso, “já está criada uma sensação de impunidade que é grave e que temos de combater”. No entanto, o ministro do Ambiente não deu ainda garantias sobre a forma como o problema será resolvido, nem sobre prazos.
“A resolução mais profunda ainda não temos, porque também teremos de consensualizá-la com o Ministério do Planeamento e das Infra-estruturas”, que tutela uma outra empresa pública que tem sido penalizada pelos atrasos na cobrança (a CP). “É um processo complexo, que não depende apenas do Ministério do Ambiente e que obriga a consensos, que estamos perto de alcançar”, assegurou Matos Fernandes. Um dos pontos em discussão centra-se na escolha da entidade que será mais eficaz na cobrança. “Não temos a certeza de que o Instituto da Mobilidade e Transportes [que antes tinha esta responsabilidade] tenha mais capacidade do que a AT para o fazer”, disse.
Desde que a cobrança das multas nos transportes passou para as mãos do fisco, seguindo um modelo que começou a ser eficazmente aplicado nas auto-estradas a partir de 2013, os autos de notícia passados pelos fiscais têm vindo a acumular-se nos escritórios das operadoras de transportes, públicas e privadas. Apesar de estes processos só prescreverem ao final de cinco anos, as empresas não têm recebido o dinheiro a que teriam direito caso as coimas estivessem a ser cobradas. No final do primeiro semestre deste ano, o valor por reaver já ultrapassava os 51 milhões de euros, associados a quase 331 mil autos que se encontravam por processar.