Intelectuais dizem que Inês Pedrosa é vítima de perseguição
Acusada pelo Ministério Público de abuso de poder, antiga directora da Casa Fernando Pessoa foi alvo de manifestação de solidariedade.
Uma carta aberta subscrita por perto de quatro dezenas de intelectuais diz que a antiga directora da Casa Fernando Pessoa Inês Pedrosa, acusada recentemente pelo Ministério Público do crime de abuso de poder, tem vindo a ser vítima de perseguição.
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Uma carta aberta subscrita por perto de quatro dezenas de intelectuais diz que a antiga directora da Casa Fernando Pessoa Inês Pedrosa, acusada recentemente pelo Ministério Público do crime de abuso de poder, tem vindo a ser vítima de perseguição.
O filósofo Eduardo Lourenço, o ex-secretário de Estado da Cultura Francisco José Viegas e o cantor Sérgio Godinho são três das figuras que assinam esta manifestação de solidariedade em relação à arguida – que entre 2012 e 2013 fez a Casa Fernando Pessoa adjudicar serviços artísticos à empresa do então namorado, cujo escritório funcionava na casa onde moravam, no valor de mais de 9500 euros.
“Passados quase três anos após a sua demissão, e depois de lhe ter sido instaurado um processo, a escritora Inês Pedrosa tem sofrido reiteradas incompreensões, perseguições e indiferenças, tendo sido prejudicada na sua imagem e na sua honra, no seu trabalho e meios de subsistência, uma vez que as notícias que surgem a seu respeito na comunicação social empolam de forma absurda um insignificante episódio burocrático, transformando-o num aparatoso caso de abuso de poder”, pode ler-se na carta aberta, também subscrita por Alice Vieira, Jacinto Lucas Pires, Lídia Jorge, Mário Cláudio e Valter Hugo Mãe, entre outros escritores. [Leia aqui a carta na íntegra]
Todos elogiam o desempenho de Inês Pedrosa nos seis anos que esteve à frente da Casa Fernando Pessoa. Dizem que a actividade desenvolvida pela instituição “foi não só contínua como intensa, revelando elevado grau de criatividade, abrangência e capacidade de inovação”.
“Internacionalmente, o espaço acentuou a sua imagem mítica, e o dinamismo que lhe foi imprimido está atestado nos testemunhos emocionados de quantos ficaram a conhecer a forma como cessou a colaboração de Inês Pedrosa com a instituição que dirigiu”, descrevem os signatários, para quem o processo judicial em causa, que “reiteradamente desencadeia rumores e surtos de sensacionalismo a partir de nada”, tem criado em torno de Inês Pedrosa “uma aura inaceitável de suspeição, desgastando de forma grave a sua vida intelectual e emocional”.
“Aliás, neste processo, conseguimos vislumbrar de forma clara alguns dos contornos da democracia imperfeita em que vivemos”, prossegue o grupo de intelectuais, que conclui a carta de apoio dizendo confiar "na honradez e na integridade” da escritora.