Oitante ainda só concretizou uma venda, cujo valor se desconhece

Sociedade veículo que ficou com activos do Banif rejeitados pelo Santander vai determinar factura final a pagar pelo Estado

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Desde que foi criada, em Dezembro do ano passado, a Oitante ainda só concretizou a alienação de um activo, a seguradora Açoreana. De resto, pouco se sabe sobre o veículo criado para lidar com os activos do ex-Banif que foram rejeitados pelo Santander Totta, e que ficou também responsável por cerca de 500 trabalhadores do banco intervencionado há um ano. A empresa não responde a questões, e a informação disponibilizada no site oficial é menos do que básica.

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Desde que foi criada, em Dezembro do ano passado, a Oitante ainda só concretizou a alienação de um activo, a seguradora Açoreana. De resto, pouco se sabe sobre o veículo criado para lidar com os activos do ex-Banif que foram rejeitados pelo Santander Totta, e que ficou também responsável por cerca de 500 trabalhadores do banco intervencionado há um ano. A empresa não responde a questões, e a informação disponibilizada no site oficial é menos do que básica.

Por exemplo, em Agosto foi anunciada a venda, embora ainda por concretizar, do Banif - Banco de Investimento à chinesa Bison Capital, de Peixin Xu, mas o último (e único) comunicado que está no site é de Janeiro deste ano. Além do banco de investimento do Banif, que no início do ano realizou um aumento de capital de 29,4 milhões, a Oitante anunciou também, em Outubro, que tinha conseguido vender os 78% do capital da instituição financeira que detém em Malta, o Banif Bank.

A venda desta unidade à Al Faisal, do Qatar, também ainda não foi concluída. Isso apesar de o processo de alienação já estar em curso desde Dezembro do ano passado, antes da intervenção das autoridades no Banif. A 18 desse mês, o Banif informou o mercado que tinha assinado um contrato para vender a sua posição por 18,4 milhões de euros. No entanto, agora a Oitante não presta qualquer tipo de informações sobre os valores envolvidos nos negócios. No caso da Açoreana, adquirida pelo fundo Apollo (que dá detinha a Tranquilidade), não foi divulgado o montante em causa (este poderá ter rondado os 22 milhões). O encaixe da Oitante, é fundamental para os contribuintes saberem quanto é que, no final de contas, vai ficar a factura a pagar com o Banif. Além dos 825 milhões que ficaram por devolver ao Estado, acrescem 2255 milhões injectados em Dezembro.

Depois, quando se desenhou a intervenção no Banif, houve 2170 milhões de euros em activos do Banif que transitaram para a sociedade veículo com um preço de 746 milhões (ou seja, com uma desvalorização de 66% no valor). Se o total do encaixe for inferior a estes 746 milhões, o valor da diferença será somado à conta dos 2255 milhões. Bruxelas, por exemplo, considera que o encaixe não irá além dos 324 milhões, com uma perda de 422 milhões. Já a comissão de inquérito parlamentar, no seu relatório final, afirmava que havia a “expectativa” de que o Estado “ainda possa ter um upside nesta operação, mitigando as perdas acumuladas no processo”. Esta comissão defendeu também que devia haver uma “adequada monitorização do processo de alienação de activos, de modo a que o Estado recupere pelo menos uma parte do capital injectado no Banif desde Janeiro de 2013”.

A maior parte dos activos da Oitante estão ligados ao sector imobiliário, seja de forma directa (os imóveis estão disponíveis no site da empresa) ou indirecta (via fundos de investimento). Na sociedade foram incluídos, por exemplo, o Citation, um fundo de investimento imobiliário aberto. Depois, foram abrangidas também participações como a que o banco detinha na Vallis (fundo dedicado à recuperação de empresas de construção, com o apoio da banca), na Fomentinvest e na Ascendi.