Banco Nacional de Angola injecta 28 milhões para cobrir salários de expatriados

Injecção de divisas na banca comercial desceu para 302,2 milhões de euros e garante transferência de ordenados.

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Divisas disponibilizadas destinaram-se sobretudo a cobrir necessidades do sector petrolífero e da indústria em geral Siphiwe Sibeko/Reuters

A injecção de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) na banca comercial desceu ligeiramente na última semana, para 302,2 milhões de euros, garantindo novamente a transferência de salários de trabalhadores expatriados.

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A injecção de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) na banca comercial desceu ligeiramente na última semana, para 302,2 milhões de euros, garantindo novamente a transferência de salários de trabalhadores expatriados.

A informação consta do relatório semanal do BNA, libertado nesta segunda-feira, sobre a evolução dos mercados monetário e cambial entre 12 e 16 de Dezembro, e contrasta com os 306,3 milhões de euros da semana anterior.

Segundo o documento, consultado pela Lusa, as divisas disponibilizadas - mantêm-se exclusivamente em euros desde Março -, em vendas directas equivalentes a 337,6 milhões de dólares, destinaram-se sobretudo a cobrir necessidades do sector petrolífero (53,7 milhões de euros), bem como da indústria em geral (18,1 milhões de euros).

Para a cobertura de operações de salários de expatriados foram disponibilizados na última semana mais 28 milhões de euros - terceira semana consecutiva de disponibilização de divisas para o efeito - e para a cobertura de operações das companhias aéreas, que reclamam dificuldades em repatriar dividendos, foram garantidos pelo BNA, numa semana, mais 103,4 mil euros.

Foram também disponibilizadas divisas para a cobertura de operações do sector da Agricultura, no valor de 9,1 milhões de euros, bem como para a cobertura das necessidades dos Ministérios e Organismos do Estado, no valor de 19,5 milhões de euros, entre outros destinatários.

A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu inalterada, nos 166,726 kwanzas por cada dólar e nos 186,280 kwanzas por cada euro.

Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, cada dólar norte-americano custa à volta de 490 kwanzas.

Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade e a revisão do Orçamento Geral do Estado de 2016.

A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.

Devido ao fim de acordos com bancos estrangeiros para correspondentes bancários, a banca angolana apenas consegue comprar divisas ao BNA.

A falta de divisas dificulta ainda a transferência de salários dos trabalhadores expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.