Morales anuncia recandidatura, desafiando a Constituição
Em Fevereiro, um referendo chumbou o fim da limitação de mandatos, o que obrigaria o Presidente boliviano a abandonar o poder em 2019.
Evo Morales não desiste de tentar manter-se no poder na Bolívia. Apesar de os bolivianos terem dito nas urnas que rejeitam a sua reeleição, o Presidente foi escolhido este domingo no congresso do seu partido, o Movimento para o Socialismo (MAS), como candidato às presidenciais de 2019.
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Evo Morales não desiste de tentar manter-se no poder na Bolívia. Apesar de os bolivianos terem dito nas urnas que rejeitam a sua reeleição, o Presidente foi escolhido este domingo no congresso do seu partido, o Movimento para o Socialismo (MAS), como candidato às presidenciais de 2019.
“Se o povo decidir, Evo continuará. Sem problema.” A garantia foi dada pelo próprio Evo Morales, depois de ver os congressistas do MAS apoiarem de forma unânime a sua recandidatura daqui a três anos.
Em Fevereiro, os bolivianos rejeitaram em referendo uma alteração constitucional com o objectivo de remover a limitação de três mandatos actualmente em vigor. O objectivo de Morales, no poder desde 2006, era manter-se na presidência até 2025.
Na verdade, à luz da actual Constituição, Morales já não deveria ter sido candidato às eleições de 2014, mas o Tribunal Constitucional acabou por dar-lhe razão, sustentando o argumento de que o novo texto, aprovado em 2009, impedia que se contabilizasse o primeiro mandato do Presidente.
O partido do poder veio agora propor “quatro alternativas legais” para permitir a candidatura de Morales “no quadro da via constitucional”, explicou um dirigente sindical, citado pela AFP. A estratégia do MAS passa pela marcação de um novo referendo, pela renúncia de Morales a seis meses do final do mandato, um novo recurso junto do Tribunal Constitucional e, finalmente, deixar nas mãos do Parlamento a reforma constitucional.
O MAS nunca aceitou de forma pacífica o desfecho do referendo de Fevereiro, culpando os media de terem lançado uma campanha contra Morales. Nas vésperas da consulta, foi divulgada a notícia de que uma ex-companheira de Morales terá usado a sua influência para conseguir contratos milionários para uma empresa chinesa que representava – e que acabaram por lhe valer uma condenação por enriquecimento ilícito.