Governo polaco suspende medidas que limitavam cobertura noticiosa
Após três dias de protesto, o executivo anunciou que não vai mexer para já nas regras aplicáveis a jornalistas dentro do parlamento.
O governo polaco liderado por Beata Szydlo, do partido ultraconservador Lei e Justiça (PiS na sigla polaca), anunciou neste domingo que, afinal, não vai tocar no regulamento aplicável aos jornalistas que cobrem as actividades parlamentares dentro do parlamento de Varsóvia.
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O governo polaco liderado por Beata Szydlo, do partido ultraconservador Lei e Justiça (PiS na sigla polaca), anunciou neste domingo que, afinal, não vai tocar no regulamento aplicável aos jornalistas que cobrem as actividades parlamentares dentro do parlamento de Varsóvia.
Após um encontro com representantes da imprensa, conta a Bloomberg, o presidente do senado, Stanislaw Karczewski, disse que "o regulamento actual vai manter-se em vigor e a partir de segunda-feira conversaremos sobre os próximos passos". Em causa está a mudança deste regulamento com regras que limitam o acesso à galeria de imprensa do hemiciclo a apenas dois jornalistas com acreditação permanente por órgão de comunicação, impedindo os restantes de tirar fotografias ou filmar.
Num país em que o governo controla os media públicos – apesar de todas as críticas da União Europeia –, este novo regulamento foi encarado como uma tentativa de limitação da liberdade de imprensa e de expressão por parte do Governo. Na capital do país, milhares de polacos, segundo a Reuters, protestaram primeiro em frente ao Tribunal Constitucional e depois em frente ao parlamento. Mais de vinte meios de comunicação, incluindo o diário de referência Gazeta Wyborcza, decidiram não cobrir a sessão parlamentar de sexta-feira, em protesto.
"Deveríamos admitir que não comunicámos convenientemente as mudanças aos jornalistas e ao país", disse por seu lado o ministro-adjunto da primeira-ministra Beata Szydlo, a uma estação de rádio. O encontro (...) de amanhã mostra que agora estamos a dar passos na direcção certa", considerou.
Desde sexta-feira que o executivo vinha enfrentando protestos dentro e fora do Parlamento – que chegou a estar cercado, obrigando a primeira-ministra e o líder do partido vencedor das eleições em 2015, Jaroslaw Kaczynski, a deixar o edifício às 3h, por razões de segurança.
Mesmo dentro do parlamento, a situação foi agitada: alguns deputados ocuparam a tribuna do Parlamento e lançaram gritos de “Democracia” e “Imprensa livre”. Argumentando que o protesto dos deputados era “ilegal”, o presidente do Parlamento, Marek Kuchinski, decidiu mudar o local de voto do Orçamento para uma outra sala do edifício, onde foi proibida a entrada dos jornalistas. Foi a primeira vez desde o colapso da Cortina de Ferro que uma votação no Parlamento polaco foi feita fora da sala principal, diz a Reuters.