Câmara de Loures vai instalar geradores no Bairro da Torre como “solução temporária”

A EDP cortou a linha de acesso de electricidade a cerca de 70 famílias a 19 de Outubro devido às ligações ilegais.

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Falta de luz e aquecimento afecta, há quase dois meses, as 70 famílias do Bairro da Torre Rui Gaudencio

“Dada a emergência social”, a Câmara Municipal de Loures vai instalar esta terça-feira geradores de energia no Bairro da Torre, em Camarate, onde cerca de 70 famílias vivem sem luz e aquecimento há cerca de dois meses. Esta instalação é uma “solução temporária” criada pela autarquia tendo em conta a “situação de desumanidade em que vivem estas famílias”, comunicou ao PÚBLICO fonte oficial da Câmara de Loures.

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“Dada a emergência social”, a Câmara Municipal de Loures vai instalar esta terça-feira geradores de energia no Bairro da Torre, em Camarate, onde cerca de 70 famílias vivem sem luz e aquecimento há cerca de dois meses. Esta instalação é uma “solução temporária” criada pela autarquia tendo em conta a “situação de desumanidade em que vivem estas famílias”, comunicou ao PÚBLICO fonte oficial da Câmara de Loures.

“Independentemente das autorizações ou dos requerimentos, vamos avançar com uma solução temporária”, referiu, ressalvando que esta é uma situação que a autarquia acompanha “diariamente.”

A colocação dos geradores surge um dia depois da promessa feita pelo município de resolver, de forma provisória, o problema de falta de electricidade. A EDP cortou a linha de acesso de electricidade a todo o bairro no dia 19 de Outubro, segundo relatos dos moradores deste bairro com construções precárias e ilegais.

A presidente da Associação Torre Amiga, de moradores do Bairro da Torre, louvou a iniciativa da autarquia. “É de louvar. Nós estamos às escuras, qualquer solução que nos tire desta situação é muito boa”, referiu Ricardina Cuthbert. No bairro existem apenas “quatro ou cinco famílias” com gerador, o que significa que as restantes 65 famílias continuam sem qualquer tipo de fonte de luz ou aquecimento em pleno Inverno.

Ricardina, com 42 anos e quatro filhos, é uma das poucas que tem a “sorte” de viver numa casa com janelas. Só há três ou quatro assim no bairro. As restantes são escuras. "Tanto faz ser dia ou noite, vivemos na escuridão total", descreveu.

De acordo com uma resposta enviada esta quinta-feira à agência Lusa, a EDP explicou que a empresa de distribuição e comercialização de electricidade “desfez algumas ligações eléctricas ilegais em habitações ilegais”, uma vez que “podiam colocar em causa a segurança das pessoas e bens”. No entanto, assegura que não “desligou ou desfez ligações a clientes que tinham ou têm contractos activos com qualquer comercializador”.

A autarquia de Loures tem referido por diversas vezes que o terreno pertence à ANA – Aeroportos, que, por sua vez, nega a posse dos terrenos contíguos ao aeroporto Humberto Delgado. Os moradores também desconhecem quem é o dono. Sabe-se, por enquanto, apenas que o terreno é público.

Também a Gestual – um grupo de estudos socio-territoriais, urbanos e de acção local constituído por alunos, professores e investigadores da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa – tem feito visitas regulares, desde Abril, ao Bairro da Torre com a intenção de auxiliar a autarquia a encontrar soluções para avolumada lista de problemas do bairro: as casas são ilegais, a maioria construídas em chapa e bloco de cimento, com precárias condições de isolamento; para além da falta de luz, cerca de um terço do bairro está há quatro anos sem água canalizada e o lixo acumula-se à volta do edificado. Para este problema, a autarquia, a associação de moradores e o colectivo de estudantes organizaram, há cerca de um mês, uma limpeza que resultou na retirada de quatro toneladas de lixo que rodeava o bairro. Com Lusa