Último código: o dinheiro

Não chega a entusiasmar, mas Hell or High Water é uma peça sólida num movimento do cinema americano em busca duma radiografia do estado das raízes rurais do seu país.

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Podia ser um filme dos irmãos Coen, uma vez liberto das cargas referencial e paródica (se é que não vai dar ao mesmo) com que eles gostam de cobrir as suas frequentemente grotescas aproximações ao universo sulista do Estados Unidos. Mais do que rever códigos do western, Hell or High Water insiste na irrelevância contemporânea deles – como se só restasse um: o dinheiro, ou a sua necessidade. Não há mais nada, e isso, que facilmente podia ser uma manifestação de cinismo, acaba por ser aquilo que o filme de David Mackenzie tem de mais exposto e de mais lancinante no seu retrato da pobreza rural texana.

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Podia ser um filme dos irmãos Coen, uma vez liberto das cargas referencial e paródica (se é que não vai dar ao mesmo) com que eles gostam de cobrir as suas frequentemente grotescas aproximações ao universo sulista do Estados Unidos. Mais do que rever códigos do western, Hell or High Water insiste na irrelevância contemporânea deles – como se só restasse um: o dinheiro, ou a sua necessidade. Não há mais nada, e isso, que facilmente podia ser uma manifestação de cinismo, acaba por ser aquilo que o filme de David Mackenzie tem de mais exposto e de mais lancinante no seu retrato da pobreza rural texana.

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O filme devolve esse aspecto numa espécie de austeridade, directa ao osso, que o aguenta bem mesmo quando Mackenzie se perde nalguns efeitos atmosféricos dispersivos (a música de Nick Cave e Warren Ellis: ainda ninguém descobriu a maneira de a “colar” à banda de imagem sem que ela pareça planar vinda de outro sítio) e Jeff Bridges dá largas à sua verve, sempre excelente mas também sempre “em número”. Não chega verdadeiramente a entusiasmar, mas é uma peça sólida neste movimento do cinema americano (e tem havido vários exemplos, melhores ou piores) em busca duma radiografia do estado das raízes rurais do seu país.