Mais de 22% da população não consegue ter a casa aquecida
Intensidade da pobreza baixou no ano passado. Este ano há menos pessoas em privação material. Mas pobreza e exclusão social ainda é uma realidade para 2,6 milhões de cidadãos.
Com a redução da pobreza em 2015, também se reduziu o indicador da intensidade da pobreza, uma medida estatística com que o INE procura medir a falta de recursos entre quem é pobre. Esta percentagem de défice de recursos, que chegou a ser de 30,3% em 2013, baixou um ponto em 2014, recuando de novo, e de forma mais expressiva, em 2015, ao passar para 26,6%.
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Com a redução da pobreza em 2015, também se reduziu o indicador da intensidade da pobreza, uma medida estatística com que o INE procura medir a falta de recursos entre quem é pobre. Esta percentagem de défice de recursos, que chegou a ser de 30,3% em 2013, baixou um ponto em 2014, recuando de novo, e de forma mais expressiva, em 2015, ao passar para 26,6%.
Em relação a 2016, ainda não há uma estimativa sobre a taxa de risco de pobreza, mas há já outros indicadores provisórios. Os dados do INE apontam para menos pessoas em privação material em relação ao ano passado. Um deles mostra que ainda há um grande número de pessoas que vivem em famílias sem capacidade “para manter a casa adequadamente aquecida”.
As situações de carência por dificuldades económicas abrangem 19,5% da população, nas situações em que as pessoas não conseguem ter acesso a pelo menos três de uma lista de nove itens (que vão da capacidade para pagar as despesas básicas ou de financiar uma refeição de carne ou peixe pelo menos de dois em dois dias, à capacidade de pagar despesas a tempo). Em 2015, a taxa era de 21,6% e em 2014 de 25,7%.
Em privação severa, quando uma pessoa não consegue quatro dos nove itens, há 8,4% da população.
Por exemplo, 47,2% da população não tem capacidade para pagar uma semana de férias por ano fora de casa; 38,3% não consegue pagar uma despesa imediatamente sem recorrer a um empréstimo (e 9,3% os que têm atrasos nas rendas ou outras despesas); e ainda há 22,5% que não conseguem manter a casa aquecida adequadamente (eram 23,8% em 2015 e 28,3% em 2014).
Ainda em relação a 2015, os dados do INE mostram que a desigualdade na distribuição dos rendimentos diminuiu (de 34% em 2014 para 33,9% em 2015), mas ainda existe uma “forte” assimetria, como sublinha o INE. Foi muito ténue o recuo a que se assistiu no Coeficiente de Gini, o indicador que procura sintetizar num único valor essa distância entre os diferentes grupos populacionais. O indicador vai de zero a cem – quanto mais baixo é o valor, mais próximos são os rendimentos das pessoas; quanto mais próximo de cem estiver, significa que mais rendimento se concentra num menor número de pessoas.
Este indicador tinha aumentado de 2012 para 2013 – o ano em que a pobreza voltou a ficar em níveis de dez anos antes – e já baixou nos dois anos seguintes, passando agora dos 34% para os 33,9%.
Quando se olha para a distância entre o rendimento dos 10% da população com mais recursos e os 10% com menos, também a diferença diminuiu, mas as diferenças continuam a ser grandes – é o próprio INE que sublinha existir uma “forte desigualdade na distribuição dos rendimentos”.
Neste caso, os 10% da população com maiores recursos têm um rendimento 10,1 vezes superior ao rendimento dos 10% da população com menores recursos. No ano anterior, a diferença era de 10,6 pontos, em 2013 era superior a 11 e em 2012 ainda estava nos 10,7.
Em risco de pobreza e exclusão social, estima o INE, haverá cerca de 2,6 milhões de pessoas em Portugal. A taxa de risco de pobreza abrange 19% da população.