Poder de compra em Portugal só vale 76,8% da média europeia
Luxemburgo é o país com o PIB per capita mais alto, quando se mede este valor em paridade do poder de compra.
Há entre os 28 países da União Europeia (UE) uma grande disparidade do poder de compra dos cidadãos. Não é uma realidade nova; a cada ano confirma-se nos dados europeus que permitem fazer comparações entre as várias regiões ajustando as diferenças de preços relativos de país para país. Uma das formas de o aferir passa por medir o Produto Interno Bruto (PIB) per capita expresso em paridades de poder de compra. E, em Portugal, este indicador situa-se em 76,8% da média da UE.
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Há entre os 28 países da União Europeia (UE) uma grande disparidade do poder de compra dos cidadãos. Não é uma realidade nova; a cada ano confirma-se nos dados europeus que permitem fazer comparações entre as várias regiões ajustando as diferenças de preços relativos de país para país. Uma das formas de o aferir passa por medir o Produto Interno Bruto (PIB) per capita expresso em paridades de poder de compra. E, em Portugal, este indicador situa-se em 76,8% da média da UE.
Os números são do Instituto Nacional de Estatística (INE) e mostram que este indicador se manteve inalterado de 2014 para 2015, depois de uma queda em 2010, 2011 e 2012, a que se seguiu uma recuperação nos dois anos seguintes.
Em termos relativos, Portugal ocupa o 19.º lugar entre os países europeus (e o quinto mais baixo no grupo dos países que partilham a moeda única). Nos dados que divulgou nesta quarta-feira, o INE chama a atenção para o facto de haver sempre limitações quando se fazem comparações do custo de vida e alerta que estes dados não devem ser usados como um “instrumento de precisão para estabelecer ‘rankings’ entre países quando não se toma em atenção as margens de erros estatísticos associadas”.
A paridade de poder de compra é uma verdadeira “unidade monetária artificial” usada pelo gabinete estatístico europeu, o Eurostat, para poder fazer comparações entre os países, eliminando as “diferenças no nível dos preços” entre eles, para poder fazer comparações “em volume das componentes do PIB” e dos próprios níveis dos preços.
Um exemplo desta diferença, assinalada pelo INE: quando o PIB per capita é medido em euros, a Eslováquia fica atrás de Portugal, mas quando se faz a comparação através desta unidade monetária artificial, a ordem inverte-se por causa do “nível de preços relativo inferior do PIB observado em 2015 na Eslováquia”.
Além dos 28 Estados-membros da UE, os dados divulgados nesta quarta-feira pelo INE permitem fazer uma comparação com mais nove países. A disparidade entre os 28, constata o INE, “é muito significativa”. “O Luxemburgo (263,9) apresenta o maior índice de volume entre todos os 37 países incluídos nesta análise, mais de duas vezes e meia acima da média da UE28 e cerca de seis vezes maior que o da Bulgária (47), o país com o valor mais baixo”.
A Irlanda “passou a ocupar a segunda posição de entre todos os estados membros da UE, à frente da Suíça e da Noruega, e apenas atrás do Luxemburgo”, o país com o maior PIB per capita em paridades de poder de compra.
Se este é, como sublinha o INE, sobretudo um indicador que mede o nível da actividade económica, aquele que melhor ajuda a “reflectir o bem-estar das famílias” é o indicador da despesa de consumo individual per capita (também medido em paridades de poder de compra). Aqui, as diferenças entre os países são menores, por causa dos “efeitos da redistribuição do rendimento”, mas ainda assim continuam a existir e são “substanciais”.
Também no caso de Portugal o posicionamento do país em relação aos parceiros europeus acaba por ser “um pouco melhor”. A “evolução da DCIpc [despesa de consumo individual] foi superior à do PIBpc [produto], tendo passado de 81,3% da média da UE para 82,3%”.