Árctico bateu recordes de calor no último ano

Desde o início do século XX, a temperatura média anual do Árctico aumentou 3,5 graus Celsius. E face ao período de 1982-2010, o aumento foi de dois graus.

Foto
Nick Cobbing/Greenpeace/REUTERS

O Árctico bateu recordes de calor no período de 12 meses terminado em Setembro deste ano, quando o ar quente desencadeou uma fusão maciça de gelo e neve e atrasou a formação de gelo no Inverno, acaba de ser divulgado num relatório

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Árctico bateu recordes de calor no período de 12 meses terminado em Setembro deste ano, quando o ar quente desencadeou uma fusão maciça de gelo e neve e atrasou a formação de gelo no Inverno, acaba de ser divulgado num relatório

Esta avaliação está no relatório sobre o Árctico relativo a 2016, um documento revisto por outros cientistas que não os seus autores, feito por 61 cientistas de todo o mundo e que é publicado pela agência governamental dos Estados Unidos para a atmosfera e os oceanos (NOAA, na sigla em inglês).

O documento cobre o período de Outubro de 2015 a Setembro de 2016, um período em que “a temperatura média anual sobre as áreas terrestres (do Árctico) foi a maior desde que há registos”, salientou-se.

Naquele período, a temperatura média anual do ar no Árctico representou um aumento de 3,5 graus Celsius desde o início do século XX. Face ao período de 1982-2010, a média anual da temperatura do ar (entre Outubro de 2015 a Setembro de 2016) teve um aumento de dois graus Celsius. E no pico do Verão de 2016, em Agosto, a temperatura da superfície do mar esteve cinco graus Celsius acima da média do período de 1982-2010 nos mares de Barents e de Chukchi, bem como nas costas Leste e Oeste da Groenlândia.

“Raramente se viu o Árctico evidenciar um tão claro, forte ou acentuado sinal de persistente aquecimento e os seus efeitos em cascada no ambiente do que este ano”, afirmou Jeremy Mathis, director do programa de investigação sobre o Árctico na NOAA.

A região do Árctico continua a aquecer a uma velocidade que é o dobro da do resto do planeta, que também deve ter em 2016 o ano mais quente desde que há registos meteorológicos sistemáticos. Os cientistas dizem que as razões para o aumento da temperatura incluem a queima dos combustíveis fósseis, que emite gases com efeito de estufa para a atmosfera, bem como a tendência de aquecimento do oceano associada ao El Niño, fenómeno que em 2016 terminou em meados do ano mas exacerbou o aquecimento.