Número de jornalistas presos aumentou 22% este ano

A situação na Turquia fez com que o número de jornalistas presos aumentasse para 187 em 2016, diz a organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras.

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Os cinco países onde há mais jornalistas presos são Turquia, China, Egipto, Eritreia e Etiópia. © Murad Sezer / Reuters

A organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) disse esta terça-feira que o número de jornalistas presos em 2016 subiu para 187, mais 22% do que no ano passado, o que atribui à situação na Turquia.

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A organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) disse esta terça-feira que o número de jornalistas presos em 2016 subiu para 187, mais 22% do que no ano passado, o que atribui à situação na Turquia.

A este número juntam-se 15 colaboradores de meios de comunicação social e 146 pessoas designadas como "jornalistas cidadãos" ou bloggers. No total, há 348 presos em todo o mundo, mais 6% do que em 2015.

Na Turquia, o número de presos quadruplicou, após o golpe de estado falhado de Julho.

A RSF destaca que o número de jornalistas mulheres detidas no mundo quase quadruplicou (de 5 para 21), reflectindo que se trata de uma profissão com cada vez mais mulheres, mas sobretudo por causa "do desastre" que se vive na Turquia, onde estão um terço das detidas.

O balanço anual da organização, fechado a 01 de Dezembro, inclui outros 52 jornalistas feitos reféns: 26 na Síria, 16 no Iémen e dez no Iraque. Um jornalista foi ainda dado como desparecido este ano (Jean Bigirimana, do Burundi).

Os sequestros contabilizados em 2016 são menos nove do que em 2015, mas a ONG, com sede em Paris, lembra que no ano passado tinham sido registados números particularmente elevados, com um aumento de 35% em relação a 2014.

Todos estes casos ocorreram em zonas de conflito no Médio Oriente e 89% deles eram jornalistas locais que com frequência trabalham por conta própria "em condições precárias e muito arriscadas", sublinha a RSF.

A organização diz que o grupo extremista Estado Islâmico (EI) foi o autor de 21 sequestros.

Quanto à Turquia, diz que se transformou na "maior prisão para jornalistas profissionais" em 2016 devido à perseguição que se seguiu ao golpe de Estado falhado de Julho.

"Em geral, basta fazer uma crítica ao poder ou ter certa empatia com o movimento [do religioso Fethullah] Gullen ou com o movimento político curdo para um jornalista ser enviado para a prisão, sem que a Justiça considere necessário provar o seu envolvimento em actividades criminosas", afirma a RSF.

Para além da Turquia, a China continua a ser o país com mais jornalistas presos (103), seguida da Síria (28), Egipto (27) e Irão (24).

Perante os riscos "cada vez mais numerosos" que enfrentam os jornalistas, a RSF volta a pedir a criação da figura do "representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para a segurança dos jornalistas".

Noutro relatório também publicado esta terça-feira, o Comité para Protecção dos Jornalistas (CPJ) diz que são 259 os jornalistas que estão presos no mundo, 81 dos quais na Turquia.

O CJP só contabiliza os detidos pelos Estados, enquanto a RSF leva em consideração jornalistas presos por grupos não estatais.

Na contabilidade do CPJ, os cinco países onde há mais jornalistas presos são Turquia, China, Egipto, Eritreia e Etiópia.