Só um quarto dos hospitais aderiu a campanha para prevenir infecções

Nem todas as unidades de saúde garantem descontaminação de materiais e equipamentos. Materiais como seringas continuam a ser reutilizados em 6,3% do total.

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Mais de 95% dos hospitais públicos participaram na campanha para prevenir infecções Enric Vives-Rubio

A participação das unidades de saúde na campanha para prevenir infecções nos hospitais e outras unidades de saúde aumentou entre 2014 e 2015 e houve melhorias em praticamente todos os índices de precauções básicas de controlo de infecção. Mas os níveis alcançados em 2015 continuam muito abaixo dos objectivos, de acordo com o relatório de uma auditoria realizada e publicada no site da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

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A participação das unidades de saúde na campanha para prevenir infecções nos hospitais e outras unidades de saúde aumentou entre 2014 e 2015 e houve melhorias em praticamente todos os índices de precauções básicas de controlo de infecção. Mas os níveis alcançados em 2015 continuam muito abaixo dos objectivos, de acordo com o relatório de uma auditoria realizada e publicada no site da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

O documento quantifica em 266 o universo de unidades de cuidados hospitalares, primários e continuados inscritas na plataforma da campanha. Mas nota que, dessas, apenas 237 inseriram os dados necessários — um número que equivale a apenas 27,7% do total de unidades de saúde existentes em Portugal. Assim se conclui que pouco mais de um quarto do total de hospitais públicos e privados, agrupamentos de centros de saúde e unidades de cuidados continuados (no continente e ilhas) aderiu à campanha. Em 2014, apenas 21,6% o tinham feito.

Muito acima da média estão os hospitais públicos, com uma adesão de mais de 96%, e os centros de saúde da Madeira, com uma adesão de 100% tanto em 2015 como no ano anterior. Os hospitais privados continuaram em 2015 abaixo da média de 27,7% (com 23,8%), sendo que em 2014 apenas 8,9% tinham participado na campanha.

Seringas e descontaminação

Este trabalho — da responsabilidade do Programa de Prevenção e Controlo de Infecção e de Resistências aos Antimicrobianos (PPCIRA) — refere, por exemplo, que 10% das unidades de saúde utilizavam medidas injectáveis de dose múltipla; e em 4,2% dessas unidades eram usadas seringas de uso múltiplo, para biópsias.

As unidades de saúde garantiram que o processo de descontaminação era adequado. O relatório recomenda formação na segurança de injectáveis e transfusões, já que, "para além dos problemas relacionados com a infecção [...], um dos eventos adversos mais frequentes são erros medicamentosos".

Por outro lado, em 6,3% das unidades de saúde continuavam em 2015 a ser reutilizados materiais que, à partida, eram de uso único. Nos restantes 93,7% não eram reutilizados em 2015 esses materiais (o que corresponde a um aumento relativamente aos 90,9% de 2014). Em síntese: o documento identifica melhorias em todos os critérios relativos à descontaminação, mas o indicador continua abaixo dos desejáveis 100%.

Também em 2015, existia em 84,5% das unidades de saúde um protocolo interno de descontaminação de materiais e equipamentos que o documento diz ser necessário em todas. A percentagem era ainda mais baixa (78,6%) em 2014.

Condições para isolamento

Por outro lado, os exemplos de evolução positiva são vários. Melhoraram, por exemplo, as condições para isolamento dos utentes e a avaliação individual do risco de infecção do doente desde a sua admissão até à alta hospitalar. Concretamente, em 2015, havia condições para isolamento dos utentes em 82,6% das unidades de saúde (e este dado inclui o isolamento através das precauções de contacto), quando essa percentagem era de 81,5% em 2014.

O documento salienta, por outro lado, o aumento de 10,3 pontos percentuais no critério da avaliação de risco individual de infecção: 72,6% das unidades de saúde tinham, em 2015, aplicado o sistema de acompanhamento desde a admissão do doente até à alta hospitalar, quando em 2014 essa percentagem era de apenas 59,7%.