Patti Smith emocionada na cerimónia Nobel interrompe actuação
A canção de Bob Dylan escolhida foi A hard rain's gonna fall e a interpretação foi emocionada.
Patti Smith cantou e emocionou-se. Na cerimónia de entrega dos prémios Nobel, na tarde deste sábado, em Estocolmo, a artista teve um momento de bloqueio, esqueceu-se da letra, interrompeu a actuação, pediu desculpa dizendo que estava muito nervosa, solicitou à orquestra para recomeçar e retomou a canção A hard rain's a-gonna fall, de Bob Dylan.
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Patti Smith cantou e emocionou-se. Na cerimónia de entrega dos prémios Nobel, na tarde deste sábado, em Estocolmo, a artista teve um momento de bloqueio, esqueceu-se da letra, interrompeu a actuação, pediu desculpa dizendo que estava muito nervosa, solicitou à orquestra para recomeçar e retomou a canção A hard rain's a-gonna fall, de Bob Dylan.
O cantautor norte-americano foi escolhido pela academia sueca para receber o prémio Nobel da Literatura. Começou por nem sequer atender o telefone à academia que queria dar-lhe a notícia, acabou por aceitar o prémio, mas decidiu não ir recebê-lo por ter outros compromissos – o Nobel é sempre entregue a 10 de Dezembro, dia que assinala a morte do industrial e filantropo Alfred Nobel. Em vez de marcar presença, Dylan pediu à sua amiga e também cantora Patti Smith para o representar.
Com os seus longos cabelos cinza Patti Smith, vestida de branco e preto, estava visivelmente emocionada e por momentos teve a voz embargada. Quando interrompeu, a orquestra ainda continuou a tocar até que a cantora pediu desculpa. Nesse momento, a plateia de 1500 convidados bateu-lhe palmas. Mas a norte-americana não foi a única a emocionar-se com as palavras que cantava, na assistência também houve quem levasse a mão à cara para secar as lágrimas. No final, a ovação da plateia foi prolongada.
Pouco antes, o académico Horace Engdahl, membro da Academia Sueca e do Comité para o Nobel da Literatura, justificou a atribuição do prémio a Bob Dylan, assegurando que este mudou a ideia do que a poesia pode ser e de como pode funcionar.
Lembrou também que a noção de literatura tem mudado ao longo dos tempos e que Bob Dylan devolveu a “linguagem da poesia ao seu expoente máximo, que estava perdido desde os românticos”. E que Dylan o fez, não a cantar sobre eternidades, mas a falar sobre aquilo que nos rodeia: “Como se o oráculo de Delfos estivesse a ler as notícias do final do dia.”
Horace Engdahl disse que o galardoado se dedicou “de corpo e alma à música popular do século XX, o tipo de música que é ouvida nas estações de rádio e nos discos para gente comum, brancos e negros: canções de protesto, country, blues, rock primordial, gospel, e música mais comercial. Ele ouvia música dia e noite, experimentava tudo nos seus instrumentos, tentava aprender. Mas quando ele tentava escrever canções parecidas com essas, saíam-lhe diferentes. Nas suas mãos, o material mudava".
“De repente, grande parte da poesia dos nossos livros parecia anémica e as letras de canções rotineiras que os seus colegas escreviam pareciam pólvora antiquada depois da invenção da dinamite. Rapidamente, as pessoas deixaram de o comparar a Woody Guthrie e a Hank Williams para se virarem para Blake, Rimbaud, Whitman e Shakespeare."
De manhã, a cerimónia de entrega do Nobel da Paz foi em Oslo, Noruega – onde o Presidente colombiano Juan Manuel Santos recebeu o prémio e referiu que o processo de paz no seu país pode ser um exemplo para o mundo –, esta tarde a cerimónia continuou na Suécia, em Estocolmo, onde foram entregues os prémios de Física ao britânico David Thouless, Duncan Haldane e Michael Kosterlitz; o da Química ao francês Jean-Pierre Sauvage, ao britânico Fraser Stoddart e ao holandês Bernard Feringa; o da Medicina ao japonês Yoshinori Ohsumi; e o da Economia ao britânico Oliver Hart e ao finlandês Bengt Holmström.
Dylan receberá o prémio no próximo ano, ainda se desconhece a data; mas este noite, no banquete com que termina a entrega dos prémios, será lido o discurso do cantautor.