Plataforma instala sonda para monitorizar radioactividade no Tejo Internacional
A sonda já está instalada em Segura, no distrito de Castelo Branco, o ponto do território português mais perto da central nuclear espanhola de Almaraz.
A plataforma cívica Tejo Seguro, que integra cidadãos e instituições de Castelo Branco, já instalou uma sonda em Segura, zona do território português mais perto da central nuclear de Almaraz, para monitorizar o nível de radioactividade.
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A plataforma cívica Tejo Seguro, que integra cidadãos e instituições de Castelo Branco, já instalou uma sonda em Segura, zona do território português mais perto da central nuclear de Almaraz, para monitorizar o nível de radioactividade.
O projecto Tejo Seguro surgiu em Julho, através de um movimento cívico, que se propôs adquirir e instalar uma sonda Geiger-Muller e desenvolver uma plataforma web para monitorizar remotamente o nível de radiação ionizante medido na fronteira com Espanha.
"A sonda fica instalada junto ao rio Erges, em Segura, mesmo junto à fronteira. Isto vai funcionar em open data, ou seja, a informação que é medida em tempo real vai estar disponível na plataforma [informática] para as pessoas e instituições poderem consultar", disse à agência Lusa Samuel Infante, da Quercus.
A plataforma cívica envolve a associação ambientalista Quercus, docentes do Instituto Politécnico de Castelo Branco, o Centro de Empresas Inovadoras (CEI), o FabLab, a Associação de Informática de Castelo Branco, activistas pelo rio Tejo, o meteorologista Costa Alves, entre outros.
Segundo o ambientalista, a sonda já está instalada em Segura, no distrito de Castelo Branco, o ponto do território português mais perto da central nuclear espanhola de Almaraz.
"Vai servir de aviso porque, infelizmente, as estações de monitorização da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a informação que temos, é que estão em manutenção há vários anos e estão desligadas actualmente. Este sensor vai permitir ter essa monitorização e uma avaliação independente, com dados reais, e vai servir como alerta no caso de existir algum incidente", frisou.
Samuel Infante adiantou ainda que em relação às entidades e autoridades espanholas "já se viu que não se pode confiar no Governo nem nas autoridades espanholas, porque todos os incidentes que houve nestes últimos anos Portugal não foi informado ou foi informado meses depois".
Este procedimento é, segundo o ambientalista, incorrecto, pelo que entende que não há nada melhor como ter uma fonte independente de informação.
"É apenas uma sonda, esperemos que o projecto possa crescer e que se possa instalar em outras áreas", sustentou.
Os promotores arrancaram em Julho com uma campanha para angariação de fundos para o projecto, cujo valor do investimento calculado era de 2.550 euros.
A campanha terminou no final de Setembro e contou com a participação de 66 apoiantes, cuja comparticipação permitiu a aquisição do material e a construção da plataforma web que está em fase final de testes.
A plataforma, que a breve prazo vai estar em funcionamento, irá também mostrar os níveis de alerta recomendados pelos organismos de saúde internacionais.
Outro objectivo deste projecto é sensibilizar para a presença constante do risco que é a central nuclear espanhola de Almaraz, situada a apenas 100 quilómetros da fronteira portuguesa de Segura.