Rússia anuncia suspensão dos combates em Alepo
Washington encara notícia com cautela. Ofensiva do exército sírio para retomar controlo sobre a cidade fez 800 mortos e 3500 feridos em pouco mais de três semanas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, anunciou esta quinta-feira a suspensão das operações do exército sírio em Alepo para permitir a retirada de cerca de oito mil civis. Não foi revelada a duração da pausa nos combates e em Washington a notícia foi recebida com cautela.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, anunciou esta quinta-feira a suspensão das operações do exército sírio em Alepo para permitir a retirada de cerca de oito mil civis. Não foi revelada a duração da pausa nos combates e em Washington a notícia foi recebida com cautela.
“Obviamente essa declaração é uma indicação de que algo de positivo pode acontecer, mas temos de esperar para ver se essas posições são reflectidas no terreno”, disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest. Para sábado está marcado um novo encontro entre dirigentes norte-americanos e russos para tentar chegar a um acordo para um cessar-fogo em Alepo que permita a retirada dos rebeldes apoiados por Washington - e a distribuição por parte da ONU de ajuda de emergência a mais de 100 .
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Riabkov, disse à agência Interfax que as duas partes estão perto de um acordo. “Mas quero alertar para expectativas demasiado elevadas”, acrescentou. Menos optimista estava o coordenador humanitário da ONU na Síria, Jan Egeland, que disse que Moscovo e Washington estão em “pólos opostos” no que toca à negociação.
A ofensiva das forças governamentais sírias em Alepo fez mais de 800 mortos e cerca de 3500 feridos nos últimos 26 dias, revelou esta quinta-feira o presidente do conselho local da cidade, Brita Haji Hassan. Só na quarta-feira morreram 61 civis, revelaram os Capacetes Brancos, uma organização de voluntários que prestam primeiros-socorros.
Quando o cerco que aperta os grupos rebeldes se torna cada vez mais forte, multiplicam-se os apelos para que seja decretado um período de tréguas para salvar o que resta da população civil. “Hoje 150 mil pessoas estão ameaçadas pelo extermínio. Apelamos a uma pausa nos bombardeamentos e garantias de passagem segura para todos”, disse Hassan aos jornalistas em Genebra.
Na noite passada, cerca de 150 pessoas, na sua maioria incapacitadas ou a necessitar de tratamento médico, foram retiradas de um hospital na Cidade Velha, que tinha acabado de ser tomado pelo exército sírio.
Apoiado pelos bombardeamentos russos, o exército sírio lançou nas últimas três semanas uma ofensiva em larga escala para tomar a zona leste de Alepo, que nos últimos anos estava sob controlo dos rebeldes que combatem o regime do Presidente Bashar al-Assad. As forças governamentais conseguiram recuperar cerca de 75% do território rebelde, de acordo com algumas estimativas.
Em entrevista ao jornal sírio Al-Watan, Assad excluiu qualquer trégua, insistindo que a conquista da totalidade de Alepo será uma “etapa enorme” para pôr fim à guerra no país.