Levanta-se o véu sobre o projecto da Time Out para S. Bento
O mercado que a empresa quer instalar na ala Sul da Estação de S. Bento prevê a construção de uma estrutura em vidro, acoplada ao edifício actual
A Time Out já entregou à Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) um pedido de informação prévia (PIP) referente ao projecto que pretende implementar na zona lateral da Estação de S. Bento, voltada para a Rua do Loureiro, no Porto. O PIP deu entrada ainda em Novembro e João Cepeda, responsável pela expansão do conceito inaugurado no Mercado da Ribeira, em Lisboa, diz ter a expectativa que a decisão surja ainda antes do final do ano.
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A Time Out já entregou à Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) um pedido de informação prévia (PIP) referente ao projecto que pretende implementar na zona lateral da Estação de S. Bento, voltada para a Rua do Loureiro, no Porto. O PIP deu entrada ainda em Novembro e João Cepeda, responsável pela expansão do conceito inaugurado no Mercado da Ribeira, em Lisboa, diz ter a expectativa que a decisão surja ainda antes do final do ano.
No final de Outubro, o presidente da SRU, Álvaro Santos, confirmara ao PÚBLICO que já se reunira com elementos da Time Out, aguardando que a empresa fizesse chegar aos serviços um PIP. Este documento tem a vantagem de os promotores ficarem a saber se a sua proposta será acolhida pelas entidades que têm que se pronunciar, antes de avançar para um projecto mais detalhado. Agora, Álvaro Santos explica que deu entrada recentemente na SRU um PIP para a ala Sul da Estação de S. Bento, que está a ser analisado pelos serviços técnicos daquele organismo.
João Cepeda afirma que o documento seguiu também para a Direcção-Regional de Cultura do Norte, que o deverá encaminhar para a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), cujo parecer positivo é crucial, por o edifício ser monumento nacional. “Estamos a aguardar, agora está nas mãos deles”, disse João Cepeda, lembrando que o prazo legal para que as entidades se pronunciem sobre o PIP é de 20 dias.
Em Outubro, o responsável pela instalação do Market Time Out no Porto já adiantara ao PÚBLICO que a intenção da empresa era criar uma nova estrutura, acoplada ao edifício da estação. “Basicamente, queremos reabilitar e criar um edifício ao lado, uma estrutura que sirva de elemento aposto ao que existe”, disse. Na altura, o responsável indicava que a estrutura não estava ainda definida, garantindo, contudo, que seria “ligeira” e não iria “afectar o edifício”. A opção em cima da mesa é já bem clara, como se vê na imagem a que o PÚBLICO teve acesso.
João Cepeda está confiante num resultado positivo. “O PIP teve a contribuição de todas as equipas locais, que continuam a trabalhar com optimismo. Não somos irresponsáveis, e todas as opiniões que recolhemos, previamente ao PIP, nas consultas informais que fomos fazendo, eram favoráveis. Nós eliminamos todas as dúvidas”, diz. Ainda assim, diz estar preparado para receber eventuais perguntas da SRU sobre a proposta que lhe foi enviada, antes de haver uma decisão final.
Na comemoração dos cem anos da Estação de S. Bento, a 5 de Outubro, o ministro do Planeamento e Infra-estruturas, Pedro Marques, apresentou um conjunto de investimentos que a Infra-estruturas de Portugal (IP) está a incentivar no local. Entre eles, a instalação de um hostel, na ala Norte, voltada para a Rua da Madeira, cujas obras avançaram sem que a SRU as tivesse licenciado. O caso provocou críticas do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e levou mesmo ao embargo das obras, antes de estas serem retomadas, depois de a SRU licenciar o projecto que já recebera pareceres favoráveis de várias entidades, incluindo a DGPC.
No caso do Market Time Out as obras ainda não começaram, com João Cepeda a garantir que tal só acontecerá quando o projecto em desenvolvimento tiver todos os pareceres e o licenciamento necessários. O conceito em cima da mesa é que o futuro mercado ocupe 2200 metros quadrados, com uma oferta de 500 lugares, 15 restaurantes, quatro bares, quatro lojas, uma cafetaria e uma galeria de arte. A previsão de abertura é o segundo semestre de 2017. “Tem havido muito ruído, mesmo de algumas forças políticas, mas nós não temos nada a ver com os outros projectos de que se falam, nem sequer os conhecemos”, garante.
Em finais de Novembro, membros do Bloco de Esquerda (BE) visitaram a estação, apresentando uma petição que pedia a intervenção da Assembleia da República (AR) e a suspensão das obras. Até ontem, o documento recolhera, online, 766 assinaturas. O BE apresentou também um projecto de resolução na AR pedindo uma auditoria ao processo e o fim da concessão e de quaisquer obras em curso.
Além do Time Out Market e do hostel com 120 camas, a estação deverá receber ainda um café Starbucks, estando já a funcionar um café Jerónymo.