ONU lança maior apelo de sempre para ajuda humanitária
Com 128 milhões de pessoas afectadas por conflitos, as Nações Unidas querem proteger os 92 milhões em maior risco.
O mundo está a enfrentar uma crise humanitária sem precedentes desde a II Guerra Mundial, com mais de 92 milhões de pessoas vulneráveis, o que leva as Nações Unidas a pedir um valor recorde para financiar os seus programas de auxílio no próximo ano: 20,9 mil milhões de euros.
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O mundo está a enfrentar uma crise humanitária sem precedentes desde a II Guerra Mundial, com mais de 92 milhões de pessoas vulneráveis, o que leva as Nações Unidas a pedir um valor recorde para financiar os seus programas de auxílio no próximo ano: 20,9 mil milhões de euros.
Actualmente, mais de 128 milhões de pessoas são afectadas por conflitos, deslocações forçadas, desastres naturais e situações de profunda vulnerabilidade. O valor pedido pela ONU pretende dar resposta aos 93 milhões que constituem as populações mais vulneráveis e marginalizadas.
“A escala das crises humanitárias é agora maior do que em qualquer momento desde a fundação das Nações Unidas. Não temos memória de haver tantas pessoas a precisar do nosso apoio e solidariedade para sobreviver e viver em segurança e com dignidade”, afirmou Stephen O’Brien, vice-secretário-geral para as questões humanitárias e coordenador do auxílio de emergência da ONU, durante uma conferência de imprensa em Genebra para o lançamento da Global Humanitarian Overview 2017.
“Os nossos planos para responder às necessidades das pessoas estão prontos. São investimentos eficazes e eficientes – a melhor forma de ajudar agora aqueles que necessitam de ajuda”, adianta O’Brien citado pelo comunicado da ONU. “O financiamento destes planos irá traduzir-se em ajuda alimentar a pessoas que estão em risco de morrer à fome na Bacia do Lago Chade e do Sudão do Sul; dará protecção às pessoas mais vulneráveis na Síria, Iraque e Iémen; e garantirá a educação às crianças que viram a sua escolaridade interrompida pelo El Niño”, adiantou.
As necessidades das Nações Unidas crescem de ano para ano, tal como os seus apelos de donativos. Em 1992, no primeiro apelo que reuniu as várias agências, foram pedidos 2,7 mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros), refere a AFP. “Cada vez mais pessoas necessitam de ajuda humanitária, porque as crises duram cada vez mais tempo”, salientou O’Brien. Para além disso, “com as alterações climáticas, as catástrofes naturais irão torna-se cada vez mais frequentes, mais violentas e mais severas”. O impacto das secas, inundações e fenómenos climatéricos extremos “empurram as comunidades vulneráveis para o limite da sobrevivência”, constata a ONU.
No ano passado, apesar do apelo para a doação de 22,1 mil milhões de dólares, a organização recebeu praticamente metade (11,4 mil milhões) e as agências humanitárias terminam o ano com um défice de 10,7 mil milhões de dólares.
A crise síria, que se arrasta desde 2011, vai absorver a maior parte dos fundos, entre aqueles que são canalizados para o interior do país (3,4 mil milhões, um aumento de 6%), e a ajuda a comunidades e refugiados sírios nos países da região (4,7 mil milhões, mais 3% que no ano passado), adianta a AFP.
Em segundo lugar na lista vem o Sudão do Sul, em guerra desde 2013, onde a ONU acusa de “estar em curso uma campanha de limpeza étnica” (e para onde estarão previstos 2,5 mil milhões de dólares em auxílio), seguido pelo Iémen, com 1,9 mil milhões, em conflito armado desde há mais de 20 meses.