“Leoas indomáveis” querem escrever história diferente
Selecção camaronesa joga final da CAN feminina em casa e pretende ultrapassar a desilusão de 2014
Os camaroneses não têm tido motivos de orgulho na selecção desde os títulos consecutivos obtidos na Taça das Nações Africanas (CAN) em 2000 e 2002. Com excepção do segundo lugar no torneio continental em 2008, os “leões indomáveis” não voltaram ao pódio. E, no Mundial, ainda fizeram pior: em 2006 falharam a qualificação; em 2010 e 2014 voltaram para casa com três derrotas em outras tantas partidas – no Brasil até houve cenas de violência entre companheiros de equipa.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Os camaroneses não têm tido motivos de orgulho na selecção desde os títulos consecutivos obtidos na Taça das Nações Africanas (CAN) em 2000 e 2002. Com excepção do segundo lugar no torneio continental em 2008, os “leões indomáveis” não voltaram ao pódio. E, no Mundial, ainda fizeram pior: em 2006 falharam a qualificação; em 2010 e 2014 voltaram para casa com três derrotas em outras tantas partidas – no Brasil até houve cenas de violência entre companheiros de equipa.
Mas a paixão pelo futebol não se perdeu nos Camarões graças à selecção feminina. As “leoas indomáveis” foram quatro vezes ao pódio nas últimas sete edições da CAN feminina e, neste sábado, na qualidade de anfitriãs, voltam a disputar a final da competição: frente à Nigéria, as camaronesas vão tentar escrever uma história diferente e “vingar” as derrotas sofridas nas finais de 2014, 2004 e 1991. Com nada menos do que nove títulos em 11 edições da prova, as nigerianas são favoritas, mas não falta entusiasmo nas ruas de Yaoundé. Onde quer que vá, a selecção é recebida com buzinas, gritos, danças e magotes de adeptos.
As autoridades não pouparam para criar as melhores condições para esta CAN feminina: o investimento em infra-estruturas rondou os 1100 milhões de euros, diz o El País (os Camarões também organizam o torneio masculino em 2019). E as “leoas indomáveis” têm todos os meios à disposição, incluindo crioterapia (banhos a 110 graus negativos) para ajudar na recuperação. “Há dois anos ganhámos a meia-final e deixámo-nos absorver pela euforia de nos qualificarmos para o nosso primeiro Mundial. Mas agora jogamos em casa e queremos o troféu”, sublinhou o técnico Enow Ngachu.
No Mundial 2015, as camaronesas chegaram aos oitavos-de-final – foram mais longe do que a Nigéria, eliminada logo na fase de grupos. E Gaëlle Enganamouit, com um hat-trick ao Equador, marcou tantos golos quanto as nigerianas. A goleadora, que se sagrara melhor marcadora do campeonato sueco em 2015, foi a única africana nomeada pela BBC para o prémio de melhor futebolista de 2016. Enganamouit já tinha feito história quando, em 2012, marcou pelos sérvios do Spartak Subotica aquele que é considerado o golo mais rápido da história do futebol feminino.
* Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos