O “visionário” da Starbucks vai deixar a gestão da multinacional
Mais de três décadas depois de ter transformado uma loja de café avulso numa das maiores marcas internacionais, Howard Schultz continua como chairman.
O presidente executivo da conhecida cadeia de cafés Starbucks anunciou esta quinta-feira que vai abandonar o cargo em 2017. Howard Schultz, de 63 anos, permanecerá na empresa como chairman. A mudança acontecerá a 3 de Abril.
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O presidente executivo da conhecida cadeia de cafés Starbucks anunciou esta quinta-feira que vai abandonar o cargo em 2017. Howard Schultz, de 63 anos, permanecerá na empresa como chairman. A mudança acontecerá a 3 de Abril.
“Focar-me-ei numa nova fase de inovação da Starbucks”, anunciou, acrescentando que o papel social da empresa é uma prioridade na agenda. O seu afastamento da gestão da multinacional foi, nas suas palavras, uma decisão “difícil”. “Amo tanto a empresa como a minha própria família”. E este é um amor antigo. Apesar de não ter fundado a Starbucks, Howard Schultz foi o grande responsável pelo crescimento da empresa. O New York Times descreve-o como o "líder visionário" da marca.
Inaugurada em 1971 em Seattle por dois professores e um escritor, a Starbucks sofreu uma viragem quando Howard Schultz – então gestor de uma empresa sueca de utensílios de cozinha – chegou em 1982. Nessa altura, a empresa tinha apenas quatro lojas e Schultz assumia o cargo de director de operações e marketing. Mas rapidamente a empresa começou a crescer. O que era uma loja focada apenas na venda de grãos de café avulso passou a distinguir-se no mercado com a introdução de café e lattes italianos, que Schultz trouxe de uma inspiradora viagem a Itália em 1983. O gestor norte-americano queria criar um espaço que funcionasse como uma comunidade, entre a casa e o trabalho.
A inovação foi bem recebida e o número de lojas multiplicou-se. Na década de 1990, o conceito expandiu-se para fora das fronteiras dos EUA. Howard Schultz acabou por comprar as acções aos donos da empresa, que continuou a crescer. Actualmente, a marca tem mais de 25 mil lojas em 75 países. Em Portugal, a primeira chegou em 2008.
Esta não é a primeira vez que Schultz se afasta da liderança da empresa. Em 2000 Schultz nomeou James Donald como seu sucessor, mas voltou à cadeira de CEO em meados de 2008, para remediar os fracos resultados de Donald. A Starbucks voltou a recuperar e o valor de mercado subiu de 15 para 84 mil milhões de euros. “Na altura não estava preparado como estou hoje”, cita o New York Times.
Quem se segue
Howard Schultz escolheu o seu próprio sucessor. Será o actual director operacional da empresa e seu amigo, Kevin Johnson. “O Kevin traz ao cargo de CEO uma compreensão sem precedentes da dinâmica do mercado e das escolhas estratégicas que tornaram a Starbucks uma das mais reconhecidas e respeitadas marcas do mundo”, afirmou Schultz na conferência em que anunciou a sua decisão.
Com 56 anos, o futuro presidente executivo da Starbucks dedicou a maior parte da sua carreira à indústria da tecnologia, onde trabalhou mais de três décadas. Chegou à Starbucks em 2009 e ao cargo de número dois da empresa em 2015. Na mesma conferência de imprensa, Schultz descreveu a sua relação com Kevin Johnson como uma “parceria de confiança” e elogiou-lhe o estilo de liderança, sublinhando que o seu sucessor já conquistou “a lealdade e o respeito” dos funcionários da empresa.
Depois de ter dito esta quinta-feira que "talvez estejam reservadas outras coisas" para o seu destino, o ainda CEO da Starbucks despertou rumores sobre uma possível entrada na vida política. Próximo do Partido Democrata e apoiante de Hillary Clinton na eleição presidencial nos EUA, Schultz ganhou notoriedade nos últimos meses pelas suas posições políticas e por defender um aumento do salário do salário mínimo para 15 dólares por hora.
Questionado sobre uma hipotética candidatura à Casa Branca, Schultz respondeu que o cenário não estava nos seus planos (sem, contudo, afastar totalmente essa possibilidade).
Wall Street reagiu à notícia da sua saída com as acções da empresa a caírem 3,35%, detalha a AFP.