A relação de Basil Fawlty, o proprietário do hotel de personalidade arrogante e temperamental que protagonizava a série Fawlty Towers, com o criado espanhol Manuel, um empregado desajeitado com boas intenções, marcou a história da comédia britânica. Andrew Sachs, que representava Manuel ao lado de John Cleese (Basil), morreu no passado dia 23 de Novembro num lar privado após quatro anos de batalha com a demência vascular, segundo disse a sua mulher Melody Sachs ao jornal britânico Daily Mail esta quinta-feira.

A relação de Basil Fawlty, o proprietário do hotel de personalidade arrogante e temperamental que protagonizava a série Fawlty Towers, com o criado espanhol Manuel, um empregado desajeitado com boas intenções, marcou a história da comédia britânica. Andrew Sachs, que representava Manuel ao lado de John Cleese (Basil), morreu no passado dia 23 de Novembro num lar privado após quatro anos de batalha com a demência vascular, segundo disse a sua mulher Melody Sachs ao jornal britânico Daily Mail esta quinta-feira.

A doença, que é a segunda forma mais comum de Alzheimer, tinha sido detectada ao actor em 2012 e é caracterizada pela perda repentina da memória e das capacidades linguísticas e pelas mudanças de humor. Melody Sachs afirmou que o actor só perdeu a sua capacidade de falar nas últimas três semanas, após sofrer três acessos de pneumonia. “Ele teve a melhor vida e a melhor morte que alguém poderia ter”, reconheceu à publicação britânica. Apesar da crescente decadência da sua saúde, Andrew Sachs “continuou a trabalhar durante [os primeiros] dois anos” da doença.

Fawlty Towers teve 12 episódios que foram transmitidos em duas temporadas separadas em 1975 e 1979 e tornou-se um ícone da cultura popular, também nos Estados Unidos.  Era frequente ouvir Manuel a treinar o seu inglês enquanto cumpria as suas tarefas no hotel, vê-lo a ser motivo de chacota por parte de Basil ou, ainda, a acabar metido nos esquemas do patrão devido à sua ingenuidade. Manuel tinha também uma amizade comovente com a empregada Polly (Connie Booth, na altura esposa de John Cleese e co-criadora da série) e um orgulho de inchar o peito nas suas raízes espanholas.

O exagero do sotaque hispânico de Andrew Sachs aliado ao seu bigode farfalhudo fizeram rir uma geração. “[Representar ao lado de Sachs] era como jogar ténis com alguém que é exactamente tão bom como nós”, disse John Cleese em declarações ao programa Today da BBC Radio 4. Sachs, inicialmente inseguro com a sua habilidade para imitar o sotaque espanhol, sugeriu que a personagem fosse alemã (devido às suas origens), mas, quando John Cleese insistiu que Manuel fosse de Barcelona, dominou o sotaque em apenas algumas semanas.

Cleese, de 77 anos, viu Sachs pela última vez há “oito ou nove meses” para uma sessão fotográfica em que estiveram juntos e, na altura, percebeu que o actor “não estava completamente presente no momento”, mas não escondeu estar em choque com a notícia. “Se conhecessem o Andrew, iriam achá-lo reservado, introvertido, educado quase de um jeito académico e estudioso”, recordou à rádio britânica. “Mas quando ele punha o bigode, tornava-se numa pessoa completamente diferente”. O co-criador da sitcom dos anos 70 homenageou o amigo também no Twitter.

Além de aparecer ao lado de John Cleese na série da BBC Comedy, Andrew Sachs também participou em Doctor Who, O Santo, Randall and Hopkirk e The History of Mr. Polly. Foi, durante muitos anos, presença regular na BBC Radio 4, interpretando vários papéis. A directora de conteúdos da BBC, Charlotte Moore, também prestou homenagem ao actor. “Ele entreteve milhões de pessoas ao longo da sua vida e fará muita falta”, disse, citada pelo jornal britânico The Guardian.

Nascido em 1930 em Berlim, na Alemanha, Andrew Sachs mudou-se com a sua família para Londres em 1938 para escapar ao nazismo e aí se fixou. Casou-se com Melody Lang, que entrou num episódio de Fawlty Towers em 1970, e deixa três filhos, Bill e John (que adoptou da anterior relação de Melody) e Kate.