Assad envia tropas de elite para reforçar ofensiva em Alepo
ONU pede “pausa humanitária” para ajudar população do Leste da cidade síria. Rússia propõe criação de quatro corredores de acesso.
O regime sírio enviou esta quinta-feira um contingente de centenas de tropas especiais para intensificar a ofensiva contra a zona Leste de Alepo, com o objectivo de acelerar a tomada daquele que é um dos principais territórios ainda controlados pelas forças rebeldes. A situação na cidade do Norte da Síria degrada-se de dia para dia e a ONU pede uma “pausa humanitária” para enviar ajuda às mais de 200 mil pessoas que se encontram na zona cercada.
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O regime sírio enviou esta quinta-feira um contingente de centenas de tropas especiais para intensificar a ofensiva contra a zona Leste de Alepo, com o objectivo de acelerar a tomada daquele que é um dos principais territórios ainda controlados pelas forças rebeldes. A situação na cidade do Norte da Síria degrada-se de dia para dia e a ONU pede uma “pausa humanitária” para enviar ajuda às mais de 200 mil pessoas que se encontram na zona cercada.
A luta pelo controlo de Alepo está prestes a entrar numa nova fase, depois de duas semanas em que as forças do Presidente, Bashar al-Assad, apoiadas pelos bombardeamentos da Força Aérea russa, conseguiram conquistar perto de 40% da zona leste na posse dos rebeldes. Damasco decidiu enviar centenas de elementos da unidade de elite da Guarda Republicana e da 4.ª Divisão do Exército cuja acção se deverá concentrar nos bairros mais habitados e onde são esperadas “batalhas de rua”, disse à AFP o director do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, Rami Abdel Rahmane.
As tropas sírias “avançam, mas temem as emboscadas nessas zonas onde os combatentes [rebeldes] se misturam com os habitantes”, explicou o activista. Antes da mais recente ofensiva, nos bairros rebeldes de Alepo moravam cerca de 250 mil pessoas, das quais cem mil são crianças.
Nos últimos dias, cerca de 50 mil pessoas fugiram das zonas que têm sido alvo de bombardeamentos quase constantes, diz o Observatório. O coordenador das operações humanitárias da ONU, Stephen O’Brien, disse na quarta-feira que o leste de Alepo está próximo de se tornar “um cemitério gigante”. Para além da violência dos combates, as Nações Unidas temem a escassez de comida e medicamentos.
“Em nome da humanidade, pedimos, imploramos, junto das partes e daqueles que têm influência, para que façam tudo em seu poder para proteger os civis e permitir o acesso às áreas cercadas do leste de Alepo antes que se torne um cemitério gigante”, afirmou O’Brien. O dirigente da ONU revelou que muitas das pessoas que têm fugido da área dos combates enfrentam a oposição dos militantes rebeldes e, na zona governamental, há relatos de detenções e "desaparecimentos".
A Rússia propôs esta quinta-feira a criação de quatro corredores humanitários para que se possam evacuar feridos a partir da zona leste da cidade, revelou Jan Egeland, o chefe do grupo de trabalho para questões humanitárias na Síria para a ONU. Não foram dados mais pormenores sobre o funcionamento destes corredores de acesso, mas a ONU continua a insistir na necessidade de uma “pausa humanitária” nos combates.
Não é a primeira vez que Moscovo decretou tréguas de forma unilateral para estabelecer corredores humanitários, mas ONU não os chegou a utilizar por não terem sido dadas garantias de segurança. “Vamos assegurar-nos de que o Governo russo irá respeitá-los e estamos optimistas que os grupos armados da oposição irão fazer o mesmo”, acrescentou Egeland.