Uma festa à volta do documentário científico chega a Lisboa

O encontro com a ciência pode dar-se no cinema. Nos próximos dias, mais de 30 filmes vão estar à disposição de todas as idades, com entrada gratuita.

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A partir desta quinta-feira até domingo, Lisboa acolhe o Festival Europeu de Documentário Científico, com a exibição gratuita de 35 filmes na Cinemateca Júnior, no Salão Foz. Estes filmes procuram ser acessíveis a todos, para que a ciência não fique escondida nos laboratórios científicos.

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A partir desta quinta-feira até domingo, Lisboa acolhe o Festival Europeu de Documentário Científico, com a exibição gratuita de 35 filmes na Cinemateca Júnior, no Salão Foz. Estes filmes procuram ser acessíveis a todos, para que a ciência não fique escondida nos laboratórios científicos.

Não é a primeira vez que este festival acontece. Desde 2007 que tem andado de cidade em cidade na Europa e, em 2012, chegou a passar por Lisboa. No ano passado, fixou-se na capital portuguesa com o nome European Science TV and New Media Festival. Houve filmes em competição e entrega de prémios. “Mas estava muito fechado na comunidade científica”, diz Miguel Ribeiro, da direcção da Associação pelo Documentário (Apordoc), que faz parte da organização do festival.

Por isso, este ano o festival ganhou um novo nome: Sci-Doc– Festival Europeu de Documentário Científico de Lisboa. Nos 35 filmes, em exibição em 20 sessões, há um objectivo principal, sublinha Miguel Ribeiro: “A ideia é passar a ciência para o grande público. Aliás, os temas são acessíveis a todas as idades.”

Andrew Millington, director do festival, acrescenta ainda outros objectivos: celebrar a comunicação de ciência e trazer as “melhores produções” europeias a Lisboa. “O festival inspirará outros produtores, argumentistas e cientistas a serem inovadores na comunicação de ciência através dos audiovisuais”, diz-nos.

Para tal, a organização, composta pela agência Ciência Viva, a EuroPAWS e a EuroScience, centrou-se num tema: o lugar da ciência na televisão.

Os filmes podem ser vistos entre quinta-feira e sábado, das 11h às 23h. Na programação em competição, há oito categorias: Ambiente; Ano da Física; Documentário; Investigação Médica; Mulheres na Ciência; Novos Media – Não Interactivos; Programas de TV Generalistas; TV Drama e Docudrama. “Este festival mostra-nos diferentes categorias de filmes com muitos caminhos audiovisuais e trazem-nos histórias interessantes”, afirma Andrew Millington.

Logo no primeiro dia pode ser visto o segundo episódio da série The Beginning and End of the Universe (2016). Nesta sessão, o físico Jim Al-Khalili dá uma perspectiva de como o Universo pode acabar, segundo o que se sabe hoje. Ainda no mesmo dia pode ver-se Detecting Gravitational Waves (2016), que desvenda o início de uma nova era na astrofísica, com o anúncio este ano da detecção das famosas ondas gravitacionais previstas por Einstein. Também será possível ver a missão de cientistas no estudo do trânsito de Vénus, em The Venus Twilight Experiment (2016). Pode ainda acompanhar-se a concepção de uma missão europeia a um asteróide, em Asteroid Impact Mission (2015), realizado pela portuguesa Mariana Barrosa. 

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O físico Jim Al-Khalili dá-nos uma perspectiva de como o Universo pode acabar DR

No segundo dia do festival, pode saber-se como está central nuclear de Chernobil 30 anos depois do desastre. “Como é que a população ainda é afectada? Vamos ver aqui”, sugere-nos Miguel Ribeiro, que recomenda ainda um “filme bonito”. Chama-se David Attenborough’s Light On Earth (2016) e é sobre a luz produzida por seres vivos, a bioluminescência. “Toda a luz do filme é feita a partir da luz dos animais.” Também centrado na natureza, Lengguru, The Lost World (2015), apresenta-nos uma expedição científica a um ecossistema único, na Papuásia Ocidental.

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No último dia, há espaço para uma produção portuguesa. As Dobrinhas das Orelhas (2016), um dos episódios da série Isto é Matemática, em que se explica a utilidades das dobras das orelhas. E será que Leonardo da Vinci teve alguma coisa a ver com a concepção do castelo de Chambord, em França? Os seus mistérios, com cerca de 500 anos, serão explorados em The Chateaux of Chambord (2015).

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O filme The Chateaux of Chambord documenta a investigação científica num mistério com cerca de 500 anos DR

Fora de competição, há dois programas de filmes. Num comemoram-se os 30 anos da série de animação Era Uma Vez… A Vida (1987, de Albert Barillé), com a exibição de três episódios, a 1 e 3 de Dezembro. “Estas sessões servirão para uns reverem e outros descobrirem a série”, diz Miguel Ribeiro.

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No segundo programa fora de competição haverá filmes do arquivo da Cinemateca Portuguesa. Poderão ver-se filmes sobre alimentação realizados durante o Estado Novo – como A Metafísica dos Chocolates (1967), de José Fonseca e Costa, e O Leite (1972), de António Macedo, transmitidos a 1 e 2 de Dezembro, respectivamente. No sábado, passarão dois documentários sobre Iuri Gagarin, a primeira pessoa a ir ao espaço, em 1961.

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Dois documentários descrevem o percurso de Iuri Gagarin DR

Também de conversas se faz o festival, na Biblioteca do Museu Nacional do Desporto. Esta sexta-feira, às 19h, os astrofísicos Margarida Cunha e Pedro Mota Machado e o meteorologista Pedro Miranda conversam sobre Conhecer o Espaço para viver melhor a Terra, moderada pelo antigo jornalista José Vítor Malheiros. E no último dia do festival, a partir das 20h15 no Pavilhão do Conhecimento, Mark Ferguson, director-geral da Fundação Irlandesa de Ciência, falará da investigação sobre Crocodilos, Sexo e Cicatrizes.

“Espero que o festival tenha boa aceitação no público e se mantenha em Lisboa”, deseja Miguel Ribeiro.