OPEP vai fazer primeiro corte de produção de petróleo em oito anos
Países exportadores de petróleo acordam redução de 3,6%. Preço do barril de petróleo disparou 8%.
Após meses de negociações, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) chegou a um acordo para reduzir a produção, com o objectivo de fazer escoar os stocks existentes e tentar inverter a tendência de preços baixos.
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Após meses de negociações, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) chegou a um acordo para reduzir a produção, com o objectivo de fazer escoar os stocks existentes e tentar inverter a tendência de preços baixos.
No final de uma reunião em Viena, a organização comunicou que, a partir de 1 de Janeiro, o tecto para a produção dos 14 países membros será 32,5 milhões de barris por dia, uma redução de 3,6%. O corte – o primeiro desde 2008 – representa cerca de 1% da produção mundial.
A notícia já tinha sido antecipada durante a tarde, de forma não oficial, pela imprensa internacional, levando a que o preço do petróleo disparasse, com uma subida em torno dos 8%. Às 17h30, já após o comunicado oficial, o barril de Brent (o petróleo do Mar do Norte e a referência no mercado) custava 50,03 dólares por barril. Desde o final de Outubro que o barril não ultrapassava a fasquia dos 50 dólares. Nesta terça-feira, o preço tinha caído significativamente, reflectindo o cepticismo do mercado face à possibilidade de um acordo no encontro desta quarta-feira.
A OPEP disse ter tido em consideração as perspectivas “razoáveis” de crescimento da economia mundial, tanto para 2016 como para 2017, bem como uma previsão de redução da produção este ano por parte dos países produtores que não pertencem à OPEP (entre os quais estão os EUA e a Rússia), a que se deverá seguir um aumento no próximo ano. Notou também que a procura global por petróleo deverá “crescer em níveis saudáveis em torno dos 1,2 milhões de barris por dia, tanto em 2016 como em 2017”.
A decisão põe fim a meses de negociações entre países com capacidade para suportar as quebras de preço que se verificam desde meados de 2014 e aqueles cujas economias estão a ser fortemente penalizadas pela quebra, entre os quais estão Angola e a Venezuela, dois países que se debatem actualmente com problemas de liquidez.
“É um bom dia para o mercado do petróleo, é bom para a indústria do petróleo”, afirmou ao Wall Street Journal o ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih. “Os nossos amigos da Rússia e de outros países fora da OPEP concordaram na reciprocidade e em contribuir com volumes significativos de cortes a partir de Janeiro do próximo ano”, acrescentou. A Arábia Saudita tem argumentado que para uma redução ter efeito terá de ser acompanhada por uma decisão semelhante por parte dos restantes grandes produtores.
No final de Setembro já tinha sido alcançado um acordo provisório, mas ficaram então por definir quais os cortes que teriam de ser praticados por cada país. A OPEP não deu pormenores sobre os cortes de cada país, mas a agência Bloomberg refere que o Irão deverá ter autorização para aumentar a produção. O Irão tem reclamado um estatuto especial nas negociações, uma vez que só este ano foi levantado o embargo económico que impedia o país de vender petróleo aos EUA e Europa.
O petróleo atingiu um pico em meados de 2014, quando o barril de brent se aproximou dos 115 dólares. O ponto mais baixo registou-se em Janeiro deste ano, quando ficou em torno dos 29 dólares por barril.