Médicos e enfermeiros devem ter todos formação em cuidados paliativos
Governo investe 1 milhão de euros para criar 100 equipas que prestem cuidados a pessoas com doença incurável e avançada
Todos os profissionais de saúde, nomeadamente médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, devem ter formação básica em cuidados paliativos, a nível pré-graduado. Também as pessoas que lidam frequentemente com doentes com patologia “incurável, avançada e progressiva” devem ter formação de nível intermédio nesta área. O investimento em formação está previsto no Plano Estratégico para o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos para o biénio 2017-2018, que nesta segunda-feira foi apresentado pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, em Viana do Castelo.
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Todos os profissionais de saúde, nomeadamente médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, devem ter formação básica em cuidados paliativos, a nível pré-graduado. Também as pessoas que lidam frequentemente com doentes com patologia “incurável, avançada e progressiva” devem ter formação de nível intermédio nesta área. O investimento em formação está previsto no Plano Estratégico para o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos para o biénio 2017-2018, que nesta segunda-feira foi apresentado pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, em Viana do Castelo.
Fernando Araújo anunciou um investimento de um milhão de euros para criar, até 2018, um total de 100 equipas especializadas de cuidados paliativos nos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) e adiantou que, em 2017, o plano (que foi publicado nesta segunda-feira em Diário da República) prevê a criação, em todos os hospitais, de equipas intra-hospitalares de suporte em cuidados paliativos. No âmbito das equipas especializadas de cuidados paliativos nos ACES, “área com maiores lacunas”, será duplicado o número de equipas, actualmente 18 em todo o país, precisou.
Sobre a aposta na formação dos profissionais de saúde, o governante destacou as parcerias estalecidas com as universidades do Porto, Lisboa, Algarve, Universidade do Minho (Braga) e Escola Superior de Enfermagem do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Com as duas últimas a parceria foi nesta segunda-feira formalizada através da assinatura de um protocolo. Fernando Araújo revelou também que o Ministério da Saúde “está a trabalhar” com a Ordem dos Médicos para a criação, em 2017, de uma especialidade de medicina em Cuidados Paliativos.
“Este é um plano para dois anos. Acho que 2017 é o ano de arranque e esta duplicação criará o fundo para, em 2018, continuarmos com esta dinâmica e atingirmos esse objectivo final que das 100 equipas”, sustentou o secretário de Estado. Até agora inserida nos cuidados continuados integrados, a área dos cuidados paliativos “estava parada e só se discutia camas”, lembrou. Com este plano “a discussão passou de camas para as soluções, nomeadamente, na casa dos doentes”. Se houver capacidade de resposta “no terreno” haverá “menos necessidade” de criação de camas na rede, actualmente dotada de 362. Pelas contas do governante, serão precisas "cerca de 460”.
O Plano Estratégico para o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos para o biénio 2017-2018 esteve em discussão pública entre 21 de Setembro e 15 de Outubro, tendo recolhido 31 sugestões. “É a primeira vez que o país tem um plano estratégico para esta área. A rede de cuidados paliativos foi criada em 2012 mas depois nunca foi concretizada”, frisou. Com o novo documento passa a existir “uma equipa com liderança clara, que sabe o que pretende”.
“Temos um plano com organização, sabemos o que queremos e para onde vamos. O plano tem objectivos muito claros e metas calendarizadas. Dá-nos alguma pressão, naturalmente, é um plano ambicioso mas que é importante concretizar para bem dos utentes e das suas famílias, frisou.
O plano defende a criação deste tipo de unidades em todos os hospitais com mais de 200 camas. Propõe também que, no final de 2018, os hospitais universitários e os três institutos de oncologia (IPO) passem a ter serviços de cuidados paliativos de referência.
Em Portugal, estima-se que entre 75 mil a 89 mil doentes necessitem de cuidados paliativos em cada ano, mas não é possível contabilizar quantas pessoas com doença incurável e progressiva acabam por ter acesso a este tipo de apoio especializado. Apenas se sabe que em 2015 foram internados neste tipo de unidades 2115 pacientes e que 3715 foram observados por equipas especializadas.