Venda do Jornal da Madeira adiada por falta de propostas
Processo de alienação do jornal em que Jardim escrevia diariamente contra adversários políticos prolongado até Fevereiro do próximo ano.
Está difícil. O processo de venda do Jornal da Madeira, que durante anos foi arma de arremesso político nas mãos de Alberto João Jardim, está num impasse. O prazo para a formalização de propostas de compra dado pelo governo madeirense terminou quarta-feira, sem a entrada de qualquer proposta vinculativa.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Está difícil. O processo de venda do Jornal da Madeira, que durante anos foi arma de arremesso político nas mãos de Alberto João Jardim, está num impasse. O prazo para a formalização de propostas de compra dado pelo governo madeirense terminou quarta-feira, sem a entrada de qualquer proposta vinculativa.
O matutino, que o executivo de Miguel Albuquerque pretendia vender até ao final deste ano, vai continuar assim na esfera pública até pelo menos Fevereiro de 2017, depois de na quinta-feira o governo regional ter prolongado em 90 dias o prazo para a apresentação de propostas.
A venda do jornal, que chegou a receber suprimentos públicos anuais a rondar os quatro milhões de euros, foi uma das promessas eleitorais do sucessor de Jardim. Assim que tomou posse, em Abril de 2015, Albuquerque iniciou um processo de reestruturação do Jornal da Madeira, que passou pela mudança do título para JM-Madeira, a dispensa de perto de duas dezenas de trabalhadores e a saída do sócio minoritário, a Diocese do Funchal.
A ideia foi tornar aquele órgão apetecível para a privatização, mas, apesar de o executivo ter a meio deste ano confirmado o interesse de dois grupos de comunicação social, as intenções não se concretizaram dentro do prazo previsto.
Uma nota emitida pela Secretaria Regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, que tutela a comunicação social, explica que os dois grupos media envolvidos no processo da compra do JM-Madeira “reiteraram interesse no projecto”, mas pediram mais tempo para preparar propostas. Um dos interessados é o grupo Megafin, o outro reúne vários empresários madeirenses.
O concurso determina que quem adquirir a empresa, que detém ainda uma rádio local, a RJM, mantenha a publicação diária em papel por um período mínimo de quatro anos, com conteúdos generalistas e de cariz regional.
Só na última década o Jornal da Madeira custou perto de 50 milhões de euros ao orçamento madeirense, sem contar com a publicidade institucional — governo, autarquias e empresa públicas — que eram canalizadas quase em exclusivo para este matutino. O argumento do ex-presidente madeirense foi sempre o de garantir a “pluralidade” informativa no arquipélago, mas a verdade é que aquelas páginas eram tudo menos plurais. Jardim assinava uma crónica diária e a oposição pouco ou nenhum espaço tinha.
Em Setembro de 2011, em plena campanha eleitoral para as regionais, o jornal foi ocupado por candidatos do PND-Madeira, que lhe chamaram sede da “batota eleitoral”.