Universidade de Genebra põe fim à colaboração de Durão Barroso

Contrato como professor convidado não será renovado e a causa é a Goldman Sachs, considerada uma das entidades responsáveis pela crise financeira de 2008.

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Durão Barroso é chairman da Goldman Sachs desde o Verão rcl Ricardo Castelo NFACTOS

A Universidade de Genebra e o Instituto de Altos Estudos Internacionais e do Desenvolvimento anunciaram que o contrato de Durão Barroso como professor convidado não vai ser renovado. “O mandato de José Manuel Barroso era por dois anos e chega ao final no fim deste ano. Nenhuma disposição no contrato previa a sua renovação”, anunciou o vice-reitor da instituição, Jacques de Werra, citado pelo jornal suíço Les Temps.

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A Universidade de Genebra e o Instituto de Altos Estudos Internacionais e do Desenvolvimento anunciaram que o contrato de Durão Barroso como professor convidado não vai ser renovado. “O mandato de José Manuel Barroso era por dois anos e chega ao final no fim deste ano. Nenhuma disposição no contrato previa a sua renovação”, anunciou o vice-reitor da instituição, Jacques de Werra, citado pelo jornal suíço Les Temps.

É o fim de uma longa ligação do antigo presidente da Comissão Europeia àquela prestigiada instituição helvética, onde foi um estudante prodígio e depois assistente, antes de regressar a Portugal para se tornar primeiro-ministro.

E a causa é, segundo o Le Temps, apenas uma: o facto de Durão Barroso se ter tornado presidente não-executivo da Goldman Sachs, considerada uma das responsáveis pela crise financeira de 2008 e ter ajudado a Grécia a maquilhar as suas contas para tentar evitar o inevitável resgate financeiro do país. A conversão de Barroso causou muitos protestos por toda a Europa e provocou um rude golpe à credibilidade da União Europeia.

Barroso “cumpriu plenamente o seu mandato”, acrescentou o vice-reitor, escusando-se a responder se o contrato seria renovado caso o professor convidado não se tivesse juntado àquela instituição americana, por considerar uma “questão abstracta”.

Antes de ser pública a notícia do seu novo emprego, Barroso tinha avisado a Universidade de Genebra de que teria “menos tempo disponível” porque iria trabalhar para uma grande empresa, sem revelar qual. Mas acrescentou que a universidade não ia gostar, como contou ao jornal suíço René Schwok, o director do Instituto de Estudos Globais daquela instituição.

Uma carta de agradecimento foi enviada ao chairman da Goldman Sachs, mas há quem não esconda a crítica aberta ao ex-primeiro-ministro português. O mais violento foi também aquele que lhe era mais próximo: Dusan Sidjanski, pró-europeu convicto hoje com 90 anos, foi professor de Barroso e colocou-o como seu assistente antes do regresso a Portugal para chefiar o Governo. A proximidade entre os dois era tal que Durão o convidou para conselheiro especial quando era presidente da Comissão Europeia.

Sidjanski sente-se traído: “Cortei todas as ligações com ele”. E escreveu-lhe uma carta em que lhe diz que a sua ligação à Goldman Sachs é “uma nódoa para a Europa e para a sua família”. “Usou as instituições europeias para se lançar no pior dos bancos mundiais”, considera o professor, considerando inacreditável que Durão tenha destruído assim a sua reputação. “Isso mostra como é fraco”, rematou.

Contactado pelo Les Temps, Durão Barroso não quis reagir.