BE coloca reestruturação da dívida como prioridade para 2017

No final da mesa nacional do partido, Catarina Martins anunciou o voto favorável na votação final global ao Orçamento para o próximo ano. Mas também alertou para os "choques externos" que diz que Portugal vai enfrentar por causa da conjuntura internacional.

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Catarina Martins diz que só a reestruturação da dívida pode ajudar a enfrentar os "choques externos" Hugo Santos

O Bloco de Esquerda reuniu este sábado a Mesa Nacional para decidir o que era expectável: na votação final global do Orçamento do Estado para 2017 (OE2017), o partido vai votar a favor, como fez na votação na generalidade. Mas na declaração final feita pela coordenadora, Catarina Martins, outros temas foram colocados em cima da mesa. E um deles é um fantasma nas relações com o PS: a reestruturação da dívida pública.

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O Bloco de Esquerda reuniu este sábado a Mesa Nacional para decidir o que era expectável: na votação final global do Orçamento do Estado para 2017 (OE2017), o partido vai votar a favor, como fez na votação na generalidade. Mas na declaração final feita pela coordenadora, Catarina Martins, outros temas foram colocados em cima da mesa. E um deles é um fantasma nas relações com o PS: a reestruturação da dívida pública.

“Quando olhamos para o futuro, há dois desafios no próximo ano”, introduziu a dirigente. O primeiro que referiu foi relativo aos direitos laborais, em especial o combate à precariedade, defendendo que se deve tornar “um objectivo nacional”. “O trabalhador precário ganha 3,5 vezes salários a menos que o efectivo”, afirmou, considerando a precariedade “uma chaga social e económica”, mas enaltecendo o acordo com o Governo com vista a integrar os precários nos quadros da função pública.

O segundo desafio diz serem os “choques externos” que o país vai sofrer em consequência da conjuntura internacional: a eleição de Donald Trump, o "Brexit", o referendo em Itália, o crescimento da extrema-direita na Europa e a “crise financeira gravíssima na UE” de que a situação do Deutsche Bank é o maior exemplo.

“O nosso país sofrerá choques externos. Como enfrentá-los? A prioridade tem de ser a reestruturação da dívida pública – é ela que marca a nossa dependência”, afirmou Catarina Martins, depois de ter sublinhado a fragilidade decorrente da privatização de “quase todos os sectores estratégicos” nacionais.

Mas por enquanto, a ‘geringonça’ está de pedra e cal, com a aprovação mais que garantida do OE2017. "Este Orçamento não é seguramente a resposta a todos os problemas do país", nem aquele que "o BE faria", mas "é um Orçamento que responde aos acordos para parar o empobrecimento do país”, afirmou. "E portanto o Bloco de Esquerda solidariamente votará este Orçamento no seguimento do trabalho que tem feito em conjunto", anunciou.

Questionada pelos jornalistas sobre a entrevista à Lusa do primeiro-ministro, na qual António Costa disse não sentir necessidade de rever a declaração conjunta PS/Bloco de Esquerda, Catarina Martins respondeu dizendo que "a posição conjunta não deve ser revista, foi um compromisso que foi feito com um horizonte e tem que ser cumprida".

Mas porque "a vida não fica congelada no momento da assinatura do acordo", a dirigente assegura que o BE não deixa "de colocar outros temas em cima da mesa". "Quando é necessária a resposta, o país deve dá-la. O BE nunca ficará confortavelmente a dizer que tudo o que vale foi o que foi assinado há um ano à medida que o mundo e o país também avançam", reiterou, no dia em que o Governo socialista cumpre um ano de mandato.