CP recupera antigo Comboio do Vinho do Porto para o pôr na linha do Douro
Seis carruagens Shindler dos anos 50 vão ser reabilitadas para acolher turistas que queiram viajar com mais comodidade na linha férrea mais bonita do país.
Vai ser um segundo fôlego para o antigo Comboio do Vinho do Porto, que em 2004 a CP estreou na linha do Douro como produto turístico e que só durou quatro anos. As seis carruagens Shindler que o compõem vão ser intervencionadas para lhes dar um aspecto ainda mais panorâmico do que já têm, aumentando a sua visibilidade para o exterior.
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Vai ser um segundo fôlego para o antigo Comboio do Vinho do Porto, que em 2004 a CP estreou na linha do Douro como produto turístico e que só durou quatro anos. As seis carruagens Shindler que o compõem vão ser intervencionadas para lhes dar um aspecto ainda mais panorâmico do que já têm, aumentando a sua visibilidade para o exterior.
Este comboio, cujo nome comercial não está ainda definido, será um produto turístico operado em exclusivo pela CP e terá alguma regularidade para que as pessoas saibam antecipadamente em que estações e horários o podem apanhar.
A empresa pública não exclui a possibilidade de o alugar a operadores turísticos interessados, mas a sua ideia imediata é colocá-lo a circular na linha do Douro num misto de comboio regular e produto turístico em simultâneo. Isto é: qualquer passageiro o pode utilizar como se fosse um comboio normal, mas a um preço superior.
Esta composição vai também ajudar a descongestionar os picos de procura que se têm registado no Verão naquela linha quando é maior a afluência aos navios de cruzeiro no rio. Uma situação que levou este ano os operadores turísticos a zangarem-se com a CP e a optarem pelo serviço rodoviário (ver “Os erros da CP na Linha do Douro que a farão perder 29 mil passageiros” de 28/08/2016).
A CP vai manter o comboio histórico com locomotiva a vapor entre a Régua e o Tua, sendo o novo comboio turístico um complemento a esse produto. Um produto que, segundo a empresa, está a ser acompanhado pela tutela e em ligação com o Turismo do Porto e Norte.
A composição será formado por seis carruagens Shindler: duas de 1ª classe com 53 lugares cada, e quatro de 2ª classe, com 76 lugares cada, num total de 410 lugares sentados.
Estas carruagens foram compradas à Suíça entre 1948 e 1950 para serem utilizadas nos comboios suburbanos da linha de Sintra. Mas estiveram lá pouco tempo e fizeram serviço em praticamente todo o país, vindo a acabar os seus dias nos regionais das linhas do Minho e do Douro. Em 2009 a maior parte da frota foi demolida, mas em 2004 tinha sido recuperadas oito carruagens para serem transformadas no Comboio do Vinho do Porto, na sequência de uma parceria com algumas quintas do Douro.
Durante quatro anos o comboio circulou 250 vezes, mas depois foi encostado. A CP descobriu agora que afinal aquele material está em melhor estado do que se pensava e espera gastar apenas 400 mil euros para o reabilitar e torná-lo mais panorâmico. As Shindler são conhecidas pelas suas janelas bastante largas, as quais se podem abrir para melhor apreciar e fotografar a paisagem.
A transportadora pública ainda não definiu o nome, nem os preços nem os horários deste comboio, que não encontra paralelo no estrangeiro porque não será um produto turístico exclusivo. Ainda assim, há o exemplo da Suíça que, em grande parte dos comboios que atravessam o país incorporam carruagens panorâmicas, e da Alemanha, com o seu Rheingold, uma composição que circula nas margens do Reno.
Além do comboio a vapor do Douro e agora desta composição panorâmica, a CP anunciou recentemente que vai também explorar um comboio histórico de via estreita entre Aveiro e Sernada do Vouga (Águeda).