Onde ver arquitectura?
Se a qualidade e a projecção da arquitectura nacional já valeram dois Prémios Pritzker a Portugal, a Siza e a Souto de Moura, a abertura de um museu dedicado à disciplina tem sido um assunto constantemente adiado. Um dos argumentos mais usados na discussão que já tem seguramente mais de uma década é que não se trata de um tema fácil de expor. Os menos entusiastas logo acrescentam que o melhor sítio para ver arquitectura é mesmo a própria cidade onde ela se ergue todos os dias.
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Se a qualidade e a projecção da arquitectura nacional já valeram dois Prémios Pritzker a Portugal, a Siza e a Souto de Moura, a abertura de um museu dedicado à disciplina tem sido um assunto constantemente adiado. Um dos argumentos mais usados na discussão que já tem seguramente mais de uma década é que não se trata de um tema fácil de expor. Os menos entusiastas logo acrescentam que o melhor sítio para ver arquitectura é mesmo a própria cidade onde ela se ergue todos os dias.
Entre os museus públicos, o Centro Cultural de Belém destaca-se em Lisboa com um programa regular de exposições dedicado à arquitectura, enquanto Serralves, no Porto, tem pontualmente organizado mostras dedicadas ao tema. Se o novo MAAT inclui arquitectura no seu nome, a sua área de actuação é muito mais abrangente e muito ancorada nas artes visuais. Sem ser exaustiva, a Gulbenkian também tem tido alguma actividade expositiva ligada à arquitectura, tal como a Casa da Cerca, em Almada, mas uma maior visibilidade, e uma maior ambição, chegam só de três em três anos com a programação da Trienal de Arquitectura.
Nuno Sampaio, que reivindica com a Casa de Arquitectura ter conseguido fazer em Matosinhos o primeiro museu só de arquitectura, lembra que esta é a única área relevante da Cultura em que o Estado não está presente com uma instituição de programação que lhe seja inteiramente dedicada, quando internacionalmente é reconhecida a sua grande qualidade.
Agora que a Casa de Arquitectura abrirá a Norte no próximo Verão, com uma ambição internacional como mostra esta apresentação em Veneza, é preciso que consiga ultrapassar a divisão Norte-Sul às vezes demasiado presente na arquitectura portuguesa. E que não caia em armadilhas regionalistas privilegiando demasiado a arquitectura da chamada Escola do Porto. Mas, mais do que da Casa, isso depende também dos arquitectos portugueses e da sua vontade de trabalhar em conjunto num projecto nacional.