Quanto mais claro, melhor
A devolução de rendimentos restituiu o optimismo aos portugueses. Devolveu-lhe a esperança, a confiança no futuro.
Compreendo muito bem a escolha do Presidente Marcelo quando ontem elogiou a estabilidade política e social com a actual fórmula governativa. Essa escolha, legítima e intelectualmente honesta, foi a de olhar a “geringonça” como uma boa alternativa a “um centrão artificial imposto na governação do país”, o qual, segundo o Presidente, “seria pouco clarificador”.
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Compreendo muito bem a escolha do Presidente Marcelo quando ontem elogiou a estabilidade política e social com a actual fórmula governativa. Essa escolha, legítima e intelectualmente honesta, foi a de olhar a “geringonça” como uma boa alternativa a “um centrão artificial imposto na governação do país”, o qual, segundo o Presidente, “seria pouco clarificador”.
Só posso estar de acordo. Trazer para o Governo o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista ajuda a clarificar uma alternância esquerda-direita e torna-a uma possibilidade real. Para além disso, a paz social que foi conseguida com o comprometimento dos sindicatos com uma política realista de cumprimento de acordos e regras europeias é um ganho político muito relevante.
E há outro ganho crucial: a devolução de rendimentos restituiu o optimismo aos portugueses. Devolveu-lhe a esperança, a confiança no futuro. Nas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, "o país recuperou a normalidade".
Compreendo, como já disse, esta análise política num Presidente que tem tido a sensatez de se aproximar das pessoas. De ver a realidade pelo seu ângulo. Mas é também importante que o Governo, os partidos que o apoiam e a oposição tenham a noção que a política tem exigências que não podem esquecidas.
O país precisa de reformas. Este tempo que vivemos não pode ser omisso de reformas efectivas na realidade que vivemos: é preciso reformar o Estado, é preciso reformar a Saúde, é preciso reformar o sistema eleitoral, aproximar os eleitos dos eleitores – enfim: é lista é muito extensa...
É desta agenda que o Governo não se pode esquecer. É nestas questões que o PCP e o Bloco têm de vir a jogo, em vez de se envolverem num véu de ambiguidade em várias matérias, com um pé dentro e outro fora da governação. O mesmo se diga, aliás, da oposição à direita, que é muito estatizante, pouco liberal quer nos costumes, quer na política e economia , pouco corajosa.
Voltando ao Presidente: é bom que os eleitores tenham perante si alternativas claras. A dialética política quanto mais clara for, melhor.