Apesar do fim do mundo

Isto não está duro para os esquerdistas, nem sequer para os progressistas ou os democratas... isto está duro para a sanidade!

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Nolan Issac/Unsplash

E pum! Lá estamos nós outra vez à beira do fim: o Trump ganha contra tudo e contra todos (menos os brancos ressentidos do “rust belt”), travar o aquecimento global é para esquecer, ser mulher e “não-branco” vai-se tornar extremamente interessante no “greatest country in the world”, o leste europeu é para o Putin e a Síria para o Assad, o Farage é aparentemente quem explica aos ianques o que se passa por cá, a Marine Le Pen pigarreia como se já lhe tivessem entregue as chaves do Eliseu e a camarada-chanceler em Berlim faz as contas ao facto do anunciado desinvestimento dos americanos na NATO não significar a definitiva entrega da Europa ocidental à preponderância germânica (eu cá em casa já estou a aprender alemão “Was ist das? Dast ist der stuhl! Der stuhl ist schwarz und silber!”), os cariocas elegem um bispo da IURD para prefeito e até cá no burgo já temos skinheads do PNR a atacar manifestações de imigrantes que apesar de trabalharem e pagarem impostos como os outros têm o topete de pedir papéis, perante o olhar sonolento da imprensa, mais preocupada em “investigar” se o presidente do Sporting cuspiu ou não no presidente do Arouca.

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E pum! Lá estamos nós outra vez à beira do fim: o Trump ganha contra tudo e contra todos (menos os brancos ressentidos do “rust belt”), travar o aquecimento global é para esquecer, ser mulher e “não-branco” vai-se tornar extremamente interessante no “greatest country in the world”, o leste europeu é para o Putin e a Síria para o Assad, o Farage é aparentemente quem explica aos ianques o que se passa por cá, a Marine Le Pen pigarreia como se já lhe tivessem entregue as chaves do Eliseu e a camarada-chanceler em Berlim faz as contas ao facto do anunciado desinvestimento dos americanos na NATO não significar a definitiva entrega da Europa ocidental à preponderância germânica (eu cá em casa já estou a aprender alemão “Was ist das? Dast ist der stuhl! Der stuhl ist schwarz und silber!”), os cariocas elegem um bispo da IURD para prefeito e até cá no burgo já temos skinheads do PNR a atacar manifestações de imigrantes que apesar de trabalharem e pagarem impostos como os outros têm o topete de pedir papéis, perante o olhar sonolento da imprensa, mais preocupada em “investigar” se o presidente do Sporting cuspiu ou não no presidente do Arouca.

Isto não está duro para os esquerdistas, nem sequer para os progressistas ou os democratas... isto está duro para a sanidade! Porrada, porradinha é o que vos está a fazer falta... é a realidade, estúpido!.. sussurram os neo-liberais (desta vez com o rabinho tão apertado como nós, porque finalmente elegeram o imperador-louco), compra ouro filho respondemos nós aos sacrossantos mercados (e já agora enterra-o no quintal). Colectivamente somos estúpidos como carroças e egoístas como umbigos?

Olha que novidade (cala-te Schopenhauer... logo te leio no original quando for alemão do sul!). Mas qual é a alternativa? Desistir?! Vendermo-nos a pataco à “realidade” dos bem-alimentados, ao cinismo dos desalmados?! “Throw in the towel” como os que não chegam a sair à rua, nem a dizer nada, nem sequer a dignar-se a votar e esperam que o fogo seja purificador para além de destruidor?

Alinhar por baixo e esperar que os animais ferozes se auto-domestiquem (...vais ver, o Trump é muito menos racista, misógino, homofóbico e analfabeto do que parece!), fazer “unlike” no Face como se isso tivesse a mais ligeira consequência na mundo cá fora? Olhem que se foda!!

Cá em casa: porrada por porrada, antes do lado de cá! Se quiséssemos aparecer na televisão virávamos “jovens bloguistas de direita”. Perdidos por cem perdidos por mil, diria a avó Adília. Já temos ficha na secreta, andamos a levar porrada desde o tempo da PGA, já éramos malfeitores e maldizentes quando o Dias Loureiro era ministro da polícia e o Sócrates ministro do Ambiente e o Duarte Lima o respeitável líder parlamentar do Cavaco, quando no Iraque haviam ”armas de destruição maciça” e deixar ir o primeiro-ministro para Bruxelas era uma enorme honra que obviamente haveria de trazer enormes “mais-valias” à nação, quando entrar para o Euro ia ser espectacular e construir estádios à maluca era um “desígnio nacional”, querem mais exemplos?.. pois, aparentemente é fácil ter razão dez anos antes.

“Sofrer molda o carácter!” dizia o pai do Calvin, vá espalhem merda pelas paredes que nós limpamos! “Bring it on”... antes a desilusão que a ilusão, digo-vos eu (que não estou cá para vos acariciar o pelo). Havemos de sobreviver ao Trump como sobrevivemos aos outros cabrões todos.