Crédito malparado de empresas não financeiras subiu para 16,7%

Em 2011, o rácio de crédito vencido era de 7,2%.

Foto
Ana Ramalho

O rácio de crédito malparado concedido às sociedades não financeiras passou de 7,2% em 2011 para 16,7% no primeiro semestre deste ano, período em que caiu a concessão de crédito, segundo o Banco de Portugal (BdP).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O rácio de crédito malparado concedido às sociedades não financeiras passou de 7,2% em 2011 para 16,7% no primeiro semestre deste ano, período em que caiu a concessão de crédito, segundo o Banco de Portugal (BdP).

Com base na informação da Central de Responsabilidades de Crédito, o Estudo da Central de Balanços, divulgado pelo BdP, mostra uma degradação da qualidade do crédito, ao apresentar que "o rácio de crédito vencido situava-se em 16,7% no final do primeiro semestre de 2016", quando "em 2011 ascendia a 7,2%".

A par desta degradação evidencia ainda uma redução do crédito concedido às empresas não financeiras pelo sistema financeiro residente, sendo que no final do primeiro semestre de 2016 representava 75,4% do valor observado no final de 2011.

O rácio de crédito malparado aumentou em todos os sectores de actividade económica e classes de dimensão no mesmo período, à excepção da "electricidade e água", detalha o regulador bancário.

O supervisor adianta ainda que em 2015, 32% do activo era financiado por capitais próprios, tendo a autonomia financeira aumentado 2 pontos percentuais face a 2011, diminuindo apenas nas grandes empresas e nos "outros serviços".

Já 29% das empresas estavam particularmente dependentes do financiamento por capitais alheios, ao registarem capitais próprios negativos. Em 2015, a dívida remunerada e os créditos comerciais eram as principais fontes de financiamento alheio, representando cerca de 74% do passivo total das empresas, indica o regulador.

O BdP analisa também a estrutura e dinâmica da situação em 2015, ano em que existiam 408 mil empresas, das quais 89% microempresas e em que 41% do volume de negócios provinha das grandes empresas (0,3% do total).

Enquanto o peso das microempresas no total das empresas aumentou 1 ponto percentual face a 2011, o peso das PME (pequenas e Médias Empresas) caiu 1 ponto percentual, atendendo ao número de empresas e de pessoas ao serviço. Por outro lado, a parcela do número de pessoas ao serviço das grandes empresas aumentou dois pontos percentuais.

Em 2015, os sectores de actividade económica mais relevantes, atendendo ao número de empresas, eram os "outros serviços" (48%) e o "comércio" (26%). Já no que diz respeito ao volume de negócios, assumiam maior importância o "comércio" e a "indústria" (38 e 26%, respectivamente), enquanto se destaca a redução do peso da "construção" no número de empresas (-2 pontos percentuais), no volume de negócios (-3 pontos percentuais) e no número de pessoas ao serviço (-3 pontos percentuais) face a 2011.

Em 2015, 6% das empresas integravam o sector exportador.
À semelhança de 2014, o volume de negócios das empresas aumentou cerca de 2 por cento em 2015. A evolução deste indicador foi mais positiva nas PME e nas microempresas (5 e 2%, respectivamente) do que nas grandes empresas (0,4%), diz o BdP.

Por sectores de actividade económica, destaca-se o aumento do volume de negócios da "agricultura e pescas" (9%) e apenas a "construção" registou um decréscimo do volume de negócios (0,4%).