Mad Mel
Esta é a ocasião, para Mel Gibson, de fazer a entrada no clube dos heróis de acção sexagenários. Até é um filme suportável, Blood Father.
Mel Gibson ficou de fora do último Mad Max, mas esta é a sua ocasião de percorrer a “estrada da fúria”, e de fazer a entrada no clube dos heróis de acção sexagenários. É um ex-alcóolico e ex-presidiário, a viver numa caravana nos confins do deserto do Novo México, a quem um dia a filha (Erin Moriarty), que julgava desaparecida, vem pedir socorro, porque o gang de traficantes de droga com quem se meteu se virou contra ela e quer vingança. A partir daí, Blood Father é uma variação sobre o motivo do par em fuga, com o ingrediente raro de o par ser composto por um pai e por uma filha adolescente. O francês Richet, que conhecemos de um péssimo remake do Assalto à 13ª Esquadra (e volta a aqui a citá-lo, há uma cena em que a miúda se esconde num cinema onde se projecta o filme de Carpenter) não é o mais hábil dos cineastas, e quase se desiste de Blood Father na primeira sequência, cheia de vilões esterotipados e violência histericamente “realista”.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Mel Gibson ficou de fora do último Mad Max, mas esta é a sua ocasião de percorrer a “estrada da fúria”, e de fazer a entrada no clube dos heróis de acção sexagenários. É um ex-alcóolico e ex-presidiário, a viver numa caravana nos confins do deserto do Novo México, a quem um dia a filha (Erin Moriarty), que julgava desaparecida, vem pedir socorro, porque o gang de traficantes de droga com quem se meteu se virou contra ela e quer vingança. A partir daí, Blood Father é uma variação sobre o motivo do par em fuga, com o ingrediente raro de o par ser composto por um pai e por uma filha adolescente. O francês Richet, que conhecemos de um péssimo remake do Assalto à 13ª Esquadra (e volta a aqui a citá-lo, há uma cena em que a miúda se esconde num cinema onde se projecta o filme de Carpenter) não é o mais hábil dos cineastas, e quase se desiste de Blood Father na primeira sequência, cheia de vilões esterotipados e violência histericamente “realista”.
The partial view '~/Views/Layouts/Amp2020/VIDEO_CENTRAL.cshtml' was not found. The following locations were searched:
~/Views/Layouts/Amp2020/VIDEO_CENTRAL.cshtml
VIDEO_CENTRAL
A partir do momento em que Gibson entra em cena, com a sua panache sempre subestimada, o filme começa a ter outra respiração, e é quase só por ele e pela química que estabelece com Moriarty (mais a ajuda de uns quantos bons diálogos) que Blood Father vai resvalando para a comédia familiar sui generis, de uma forma que, a julgar pelo gore de certas cenas, talvez não fosse exactamente a primeira ideia. Há outro atributo interessante, o passeio por aquela América perdida na fronteira mexicana, empobrecida e ressentida (sim, há uma cena com emigrantes, e alusões ao “roubo de empregos”), que nas duas últimas semanas muita gente descobriu que existia. Mas, nessa parte, quem “rouba” alguma coisa é o veterano Michael Parks, suavemente viscoso na pele de um vendedor de memorabilia nazi. Um punhado de actores inspirados, meia-dúzia de diálogos bem escritos, um ritmo que de vez em quando emperra mas no geral se mantém em bom andamento: nada disto resgata Blood Father de uma menoridade quase congénita mas torna-o bem mais suportável do que muitos casos equivalentes.